segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O DIABO QUE NOS IMPARIU

Imparidades é nome técnico mas é de perdas que falamos quando os bancos colapsam, o Estado ajuda e os prejuízos se avolumam. Como os bancos destruíram 40 mil milhões debaixo do seu nariz.



Sabe o que vale 40 mil milhões de euros? Os bancos portugueses também não sabiam, pelo que tiveram de abatê-los nos seus balanços nos últimos oito anos. Houve perdas enormes, que destruíram poupança, riqueza e capital. Use a escala que quiser, é sempre uma enormidade: são quatro meses de PIB, uma vez a meia a “pipa de massa” que Durão Barroso chamou aos fundos de Bruxelas para Portugal de 2014 a 2020, equivale a cinco anos de orçamento da Saúde, daria para comprar 400 mil Ronaldos e, se os enfileirássemos em moedas de um euro, daria para mais de duas voltas à Terra. Ou para um colar que fosse e voltasse à Lua, levado por um vaivém, nome escolhido para as naves que não se sepultam no espaço. Os vaivéns vão e voltam. Como as crises financeiras. Mas aprendem pelo caminho. Como nas crises financeiras. 

O processo 


Um. Imagine que, no calor da explosão do crédito à habitação, comprou uma casa por 200 mil euros com um financiamento bancário de 160 mil euros. A casa foi então avaliada pelo banco pelos 200 mil euros e o imóvel foi aceite como garantia (ou seja, como colateral ou hipoteca) do crédito. Mais tarde, quando o mercado do crédito à habitação esfria, as regras do Banco Central Europeu obrigam a que o banco reconheça que o imóvel afinal não vale 200 mas sim 150 mil euros. A diferença entre os 200 mil (valor original no balanço do banco) e os 150 mil (novo valor) é uma imparidade. Não pense que o caso é isolado: nos últimos anos, os bancos baixaram os valores de imóveis contabilizados nos livros em milhares de milhões de euros. Quando, em cima disso, o cliente não paga o crédito, o banco fica com a casa e, se a vende por menos do que a dívida, como aconteceu muitas vezes nos últimos anos, a diferença é prejuízo do banco.

Em moedas de um euro, os 40 mil milhões de imparidades nos bancos formavam uma fila capaz de dar duas voltas à Terra


Dois. Imagine agora que compra grandes quantidades de ações de empresas em Bolsa com crédito do banco, que aceita as próprias ações como garantia. Quando as ações desvalorizam, o que acontece? Isso mesmo: uma imparidade. Foi o que aconteceu em muitos casos no final da década passada, sendo o caso mais tonitruante o de Joe Berardo, que chegou a ter dívidas de mil milhões de euros para comprar ações cujo valor derreteu. As ações do BCP chegaram a ser compradas por 3,9 euros (cotação ajustada a acontecimentos posteriores). Hoje valem... cinco cêntimos. Estas imparidades monumentais, de quase 90%, já foram em regra assumidas nas contas dos bancos. Assim como os prejuízos, que ocorreram quando os devedores não pagaram o que deviam. Sim, Joe Berardo foi um desses casos. Mas só um.

Três. Agora puxe muito pela imaginação. Mesmo muito. Vale a pena o esforço, pois aqui se explicará grande parte dos últimos prejuízos bancários. Imagine que cria uma sociedade que compra um terreno, para construir um hotel ou um prédio, e que o faz com crédito do banco, que aceita o terreno e o hotel que ainda nem está construído como garantias. Depois, imagine que nem sequer constrói o hotel ou, construindo-o, que ele fica tão caro que o dinheiro gerado pela sua exploração não basta para pagar as dívidas. Bom, então o terreno não valia tanto como o banco contabilizou no balanço... é uma imparidade. E se a dívida não for paga, o banco fica com o terreno e com hotel, que acaba por vender por muito menos: é um prejuízo. Espere, não corte ainda o fio da imaginação, esta história continua já a seguir. Mas para já fique a saber que houve centenas de casos como este, que o país ficou cheio de terrenos de empresas falidas e com estaleiros de obras paradas de hotéis e de prédios. Vamos, puxe ainda mais pela imaginação, imagine que o mundo não é feito só de pessoas boas e prepare-se para entrar no lado negro dos negócios.

A fraude da década 


O esquema está espalhado no topo de quatro destas páginas de uma forma simplificada e, nos parágrafos que se seguem, ganha contornos mais complicados. Deixe de imaginar que o caso é seu, afinal ninguém faria semelhante coisa, mas admita que um empresário imaginário percorre os passos que levam ao último tipo de imparidade explicado infra, a do terreno para construir um hotel ou um edifício. O empresário é imaginário mas a reconstituição feita pelo Expresso resulta da confrontação de várias fontes, de bancos, de reguladores, da academia, avaliadores, advogados, financeiros.

O empresário imaginário compra um terreno para construir um hotel ou um edifício por um milhão. Depois, vende o mesmo terreno por cinco milhões a uma sociedade imobiliária, que ele próprio controla, em conjunto com vários cúmplic... sócios. Essa sociedade tem como único objeto a gestão do projeto de construção, como único ativo o terreno e como único passivo uma dívida: a compra por cinco milhões é feita com crédito do banco, que aceitou o terreno como garantia, e que financiará a construção subsequente em face de um plano de negócios que prevê receitas elevadas no futuro com a exploração do hotel ou com a venda de apartamentos ou escritórios do edifício. A construção começa e o empresário imaginário e os seus sócios inventam mais um expediente para lucrar, criando um intermediário entre a sociedade que está a construir o imóvel e os fornecedores. Por cada 100 euros que compra de cimento, de ferro, de mosaicos ou de caixilharias a fornecedores, esse intermediário cobra 110 euros à sociedade imobiliária. O lucro da intermediação, de 10%, fica no intermediário. Ou seja, nos bolsos do empresário imaginário & sócios. Ou melhor, em contas offshore. Como se percebe, o empresário lucrou quatro milhões com o terreno inicial e 10% do custo da obra, dinheiro que esconde do fisco num paraíso fiscal e que mais tarde “lava” no Regime Excecional de Regularização Tributária: houve três RERT na última década, que amnistiaram quase seis mil milhões de euros que estavam irregularmente depositados no estrangeiro, grande parte dos quais na Suíça. O problema é que este lucro do empresário imaginário inflacionou o custo de construção de tal forma que o projeto se tornou inviável: as receitas das vendas dos apartamentos ou das diárias dos hotéis são insuficientes. Quando chega a hora de pagar a dívida, o dinheiro não chega. Até porque o banco deu, no início, uma carência de cinco anos para dar tempo à construção: durante todo esse tempo, o empresário não teve de pagar, embora o banco registasse todos os meses a receita dos juros que seriam pagos mais tarde. O pior cenário concretiza-se: a sociedade abre falência, o banco fica com o terreno e o imóvel em dação de pagamento, tem de anular os juros contabilizados nos anos anteriores (um prejuízo), é obrigado a registar a imparidade nas contas até que, mais tarde, vende o terreno e o imóvel a um novo comprador, por muito menos do que o crédito inicial (outro prejuízo). Como a dívida do novo comprador é menor, o hotel já é viável.

Muitos empresários puderam retirar dinheiro para offshores. Depois, regularizaram o dinheiro nas amnistias RERT


A falha neste processo está na concessão do crédito. Por que razão o banco concedeu um crédito inicial tão acima do que os valores de mercado recomendavam? Há duas respostas: a benigna é excesso de otimismo na avaliação do projeto de investimento, tendo-se acreditado que ele geraria receitas que não se confirmariam; a segunda é maligna, ter havido troca de favores ou mesmo de dinheiros. No caso do Banco Espírito Santo, sabe-se hoje, vários dos maiores clientes do banco eram acionistas do Grupo Espírito Santo, perguntando-se se havia correlação entre uma coisa e outra: os clientes do BES tinham facilidades no acesso ao crédito em troca de investirem no GES? Ou, inversamente, por serem acionistas do GES tinham preferência no crédito do BES? Outra pista: lembra-se do presente de 14 milhões de José Guilherme a Ricardo Salgado? O construtor tinha vários empréstimos do BES para projetos imobiliários mas o antigo líder do império BES sempre negou qualquer relação ou que a prenda fosse uma comissão. 

Quantos presentes terão sido trocados entre empresários e banqueiros? Quantos se ajudaram em benefício recíproco mas em prejuízo do banco?

O empresário do negócio anterior era imaginário mas também pode ser imaginado. A banca não era essencialmente este negócio mas foram muitos destes negócios que rebentaram como persistentes bombinhas nas contas dos bancos. Sobretudo em quatro bancos, BES, CGD, BCP e BPN. BPI e Santander, os outros “grandes”, tinham muito menos crédito à construção e imobiliário. Por alguma razão, os seus nomes não estão nos escândalos financeiros dos últimos oito anos, recordados na última página deste trabalho.

Quando o Expresso revelou no início do verão deste ano quais eram os 50 maiores devedores do BES antes do colapso, mostrou que eles agregavam mais de 700 empresas que tiveram um crédito total de dez mil milhões de euros. Muitas dessas empresas faliram, em prejuízo do ainda chamado BES, que ora é nome de banco mau. O peso de construtores e promotores imobiliários nessa lista de 50 é avassalador, incluindo o Grupo Mota-Engil, que era chamado “construtora do regime” na década passada, e o Grupo Lena, que foi colocado sob suspeita pelo Ministério Público num alegado esquema de favorecimentos envolvendo José Sócrates.

Mas se muitos dos maiores devedores ao BES são conhecidos, a maioria dos “50 mais” nunca teve notícia em jornal. Sabe quem é Emídio Catum? É um desses empresários da construção, que estava na lista de créditos do BES com empresas que entretanto faliram. Curiosamente, Catum também estava na lista dos maiores devedores ao BPN, com empresas de construção e imobiliário que também faliram. Há várias empresas ligadas ao grupo SLN e aos empresários Emídio Catum e Fernando Fantasia no rol dos perdidos do BPN, tento entrado dezenas de processos em tribunal contra eles. O padrão é o mesmo: empresas pedem créditos, não os pagam, vão à falência, têm administradores judiciais (nas empresas de Catum, o mesmo administrador judicial “gere” a massa falida de várias), não pagam nem têm mais ativos para pagar, o prejuízo fica no banco, o banco é intervencionado, o prejuízo passa para o Estado. E dezenas de terrenos à volta de Lisboa ficam abandonados. No BPN, mais de 500 grandes clientes com dívidas superiores a meio milhão de euros deixaram de pagar. Muitos deles entraram em insolvência e como tinham poucas ou nenhumas garantias, as hipóteses de recuperação do crédito mesmo com ações interpostas nos tribunais são reduzidas.


Outro caso famoso é o de Luís Filipe Vieira, atual presidente do Benfica, cujas empresas deixaram uma dívida de 17 milhões do BPN à Parvalorem, do Estado, e acumulavam 600 milhões de crédito ao BES, parte dos quais sairiam para uma seguradora do grupo. Note-se que nem todos os casos acabam mal. Carlos Saraiva acumulou uma dívida de quase mil milhões a vários bancos (incluindo BES e BCP), que passaram para o fundo de reestruturação ECS Capital, deixando prejuízos nos bancos (e nos fornecedores). Ainda assim, neste caso a ECS tem concluído vários projetos hoteleiros que está a comercializar, viabilizando-os e evitando “elefantes brancos” espalhados pelo país. Ainda agora abriu em Lisboa o Hotel Palácio do Governador, um cinco estrelas herdado de Carlos Saraiva onde as ervas cresciam e as caves alagavam.

Outro nome que também deixou perdas tanto no BPN como no Novo Banco foi o de Duarte Lima — sim, esta história também tem políticos. Duarte Lima foi condenado em primeira instância a dez anos de prisão por financiamentos do BPN para fins ilícitos para comprar terrenos em Oeiras, tendo recorrido da decisão. Arlindo de Carvalho está acusado de burla, abuso de confiança e fraude fiscal também por ilícitos relacionados com crédito concedido pelo BPN para compra de terrenos. Dias Loureiro foi constituído arguido em 2009 por negócios que envolveram compras de empresas em Porto Rico e Marrocos, por suspeita de crimes fiscais, falsificação de documentos e burla. Seis anos depois, ainda não foi acusado pelo Ministério Público. Nem o processo arquivado. Estes nomes, a que se juntou o de Oliveira Costa, estão ligados ao PSD, mas outros nomes há ligados ao PS, começando pelo de Armando Vara, que foi condenado em primeira instância a cinco anos de prisão por três crimes de tráfico de influência no âmbito do processo ‘Face Oculta’. Vara, que recorreu desta condenação, está a também a ser investigado por alegado envolvimento em operações de financiamento do empreendimento de Vale do Lobo. Armando Vara era então administrador da Caixa Geral de Depósitos (seria depois vice-presidente do BCP), que esteve por trás de financiamentos imobiliários e em ações que deixaram um rasto de imparidades e prejuízos. A ligação da então administração ao poder político (José Sócrates era primeiro-ministro) suscitou polémica.

E, portanto, mais capital


As imparidades reduzem o valor do ativo dos bancos; os prejuízos reduzem a sua situação líquida; ambos implicam reforços de capital dos bancos, para cumprir rácios mínimos, cujos níveis foram aliás aumentados pelo Banco Central Europeu. Desde 2008, os bancos portugueses realizaram aumentos de capital no total de quase 14 mil milhões de euros. Além disso, o Estado foi chamado a ajudar com 6,5 mil milhões de euros, parte dos quais ainda não foi devolvida.

Toda esta informação está detalhada nas tabelas e gráficos das últimas páginas, que mostram claramente três períodos na banca: fortes lucros entre 2000 e 2007, redução com a crise financeira internacional de 2008 a 2010, e prejuízos após a crise portuguesa de 2011 a 2014. As mesmas informações mostram que, durante duas décadas, mais de um terço dos lucros foi distribuído aos acionistas. É mais do que os mesmos bancos pagavam de impostos.

Foram muitos negócios imobiliários que rebentaram nas contas dos bancos. Sobretudo em quatro, BES, CGD, BCP e BPN


É possível afirmar que os prejuízos pós-2011 são o reverso dos lucros anteriores. Conforme se vê noutro gráfico publicado neste trabalho, quase metade dos créditos em incumprimento nos bancos em 2012 tinha sido concedida em 2006, 2007 e 2008. Precisamente anos de fortes lucros. Porque os juros de um crédito, enquanto são pagos, são lucro do banco; quando deixam de ser pagos são prejuízo. O excesso de otimismo na concessão de crédito deu anos de prosperidade aos bancos — e aos seus acionistas; quando os devedores deixaram de pagar, o que foi agravado pela crise financeira e pela recessão, ficaram os prejuízos. É por isso que se pode argumentar que, na verdade, os bancos não andaram a distribuir lucros pelos acionistas, mas sim capital, por terem artificialmente inflacionado os lucros. E por terem recebido prémios de gestão por isso: o caso mais evidente era o do BCP na era de Jardim Gonçalves, quando o banco chegava a distribuir 10% dos lucros pelos seus administradores.

Capital que faltou 


É a dar crédito que os bancos geram lucro e, com a criação do euro, a descida das taxas de juro permitiu um banho de financiamento bancário. Nem tudo são negociatas, os incentivos ao endividamento existiam com um crédito barato e com a pressão dos acionistas dos bancos, destes sobre os administradores e destes sobre os gestores de balcão para conceder crédito. As máquinas comerciais venderam cartões de crédito, créditos automóvel e contas-ordenado como se vivêssemos hoje o amanhã. Mas nada foi tão grande como o crédito à habitação, a preços baratíssimos, que deixou um pesado legado: o dinheiro era emprestado com spreads inferiores a 1% a 40 anos, mas como os bancos se financiam a prazos muito inferiores, mais tarde pagariam pelo dinheiro que geraram mais do que pelo dinheiro que emprestaram. Muitos bancos foram vendendo carteiras de crédito com desconto, antecipando prejuízos. A maioria deixou o problema ser mastigado lentamente ao longo de anos — e anos é o que ainda falta para digerir todo o prejuízo desses créditos tão baratos. Essa perda, somada à dos créditos empresariais por pagar, gerou prejuízos superiores a sete mil milhões de euros depois da intervenção da troika. O processo teve também impactos sociais: desde 2008, quase mil balcões fecharam em Portugal e foram despedidos quase sete mil bancários. Na construção, pior, muito pior: nos últimos cinco anos encerraram 36 mil empresas e perderam o emprego 262 mil trabalhadores. Poderia ter sido diferente?

A regulação aos papéis 


O papel do Banco de Portugal em todos estes anos está no centro no debate. Até 2008, pela “supervisão de secretária”, focada em rácios e em relatórios enviados pelos bancos mas sem “sujar as mãos” dentro dos bancos. Depois do colapso do BPN e do BPP, a pressão social, política e mediática mudou este comportamento, mas mesmo assim os bancos continuaram a endividar-se alegremente. Hoje, a imagem do Banco de Portugal deixou de ser pura e intocável. 

Quando a troika chegou, em 2011, os bancos tinham créditos concedidos muito mais elevados do que os depósitos recolhidos: estavam “alavancados”. Assim se explica que Portugal seja, proporcionalmente, um dos países mais endividados do mundo. A dívida pública é enorme mas a dívida privada é ainda maior. E se a dívida pública dificilmente pode ser paga na totalidade e em condições normais, como mesmo hoje o FMI reconhece, o mesmo se aplica à dívida privada, que também vai sendo reestruturada, mas aos poucos, com sucessões de falências, de imparidades, de prejuízos nos bancos. Só que, a partir de um certo nível, a linha que separa a dívida privada da dívida pública é ténue.

Prejuízos pós-2011 são o reverso dos lucros anteriores. Os bancos não andaram a distribuir lucros pelos acionistas, mas capital


Quando, em 2011, os bancos pressionaram publicamente José Sócrates para pedir ajuda externa, fizeram-no porque as taxas de juro portuguesas estavam altas e a dívida descontrolada. Mas é hoje possível dizer que também o fizeram por necessidade própria. Embora passassem mais de um ano a repetir que o Estado estava mal mas os bancos estavam bem, isso não era verdade. O corte dos ratings oneraria os custos dos bancos, que estavam muito endividados e tinham ativos que hoje sabemos ser tóxicos. Sem apoio do Estado, os bancos não teriam conseguido fazer os aumentos de capital necessários. A relação entre Estado e banca é indissociável, nos dois sentidos.

A intervenção dos poderes públicos no sistema financeiro foi feita devagar, apoiando aumentos de capital sucessivos, o que teve o mérito de não provocar instabilidade no sistema: não houve fuga de depósitos em Portugal, ao contrário do que se passou na Grécia. Mas soluções seguidas noutros países foram mais rápidas. Em Inglaterra, houve nacionalizações. Em Espanha, que tinha um problema imobiliário muito maior, a intervenção foi curta e grossa: criaram-se “bancos maus” para isolar os ativos tóxicos, deles libertando os bancos, que hoje estão recompostos. Em Portugal, esse cenário chegou a estar em cima da mesa em 2011 mas preferiu-se a alternativa que politicamente era menos polémica, mas que não resolveu o problema como se de um penso rápido se tratasse. A separação do BES em banco bom e banco mau, bem como o isolamento dos ativos tóxicos do Banif, seguem já o modelo espanhol. Isolar o mau para não contaminar o bom.

Pode repetir-se? 


As crises financeiras são sucessivas ao longo das décadas, formando bolhas de crédito que acabam por rebentar. Mas a mudança da supervisão já em janeiro terá impactos grandes, com a passagem dos maiores bancos portugueses para a alçada da União Bancária. Daí em diante, será o Banco Central Europeu a vigiar esses bancos, impondo rácios de capital apertados, realizando testes de stresse regulares, criando modelos de intervenção pública dissuasores. Vítor Bento dizia há dias que os bancos portugueses vão acabar por ser todos estrangeiros, por falta de capital em Portugal para os controlar. Mas a própria União Bancária terá efeitos nas transferências de capital internas na União Europeia, com provável concentração de bancos em grupos financeiros europeus. Neste momento, já há transferências de movimentos de capital (e de depósitos) para países como a Alemanha, por perceção de segurança do seu sector financeiro, e isso pode deixar os bancos em Portugal cada vez mais regionais. 

Deve a regulação intervir de modo a controlar não só a quantidade mas também o tipo de crédito concedido? Nos Estados Unidos, onde a concorrência é desembestada, o banco central controla-o através da observação do cumprimento dos modelos de negócios. Na Europa, o controlo não é feito a esse nível. Mas é exigível que o BCE tenha mecanismos de prevenção de destruição de poupança como a que se verificou em Portugal. 

O crédito é um acelerador económico, permite que os jardins da prosperidade floresçam, que as oliveiras medrem, que os dias sejam melhores, mas é também como o sal na comida, mata se tomado desregradamente. Como é que um país se endividou tanto e teve um crescimento económico tão baixo? A resposta está nestas páginas, na concentração da dívida na habitação, no imobiliário, na construção — e na extração por interesses particulares através de práticas irregulares e ilícitas. O que define o desenvolvimento económico é a utilização produtiva da poupança acumulada. Se o crédito é concedido sem assegurar o seu reembolso, como aconteceu em Portugal, há destruição de poupança: 40 mil milhões em menos de uma década. Depois desta devastação, a visão de uns e a supervisão de outros têm a responsabilidade de dar lições em vez de aprendê-las. Para que não haja mais Jardins de má memória, Oliveiras podres, Dias desaparecidos. E para que o Estado não volte a ficar Salgado.

AS PERDAS NOS BANCOS EM CINCO PASSOS


1 IMPARIDADES

Os bancos portugueses registaram milhares de milhões de euros de imparidades desde 2008. Segundo dados do Banco de Portugal foram quase 40 mil milhões no total


2 RESULTADOS

A partir de 2011, ano da intervenção externa em Portugal, os bancos entraram num período de fortes prejuízos


3 CONTRIBUTO PARA O CRÉDITO

A maior parte do crédito a sociedades não financeiras (SNF) que estavam em incumprimento no final de 2012 tinha sido concedido entre 2005 e 2009

4 AUMENTO DE CAPITAL

Os bancos aumentaram os seus capitais em mais de 14 mil milhões de euros desde 2008. Além disso, pediram ao Estado 6,5 mil milhões


5 RESULTADO LÍQUIDO E DIVIDENDOS

Os fortes lucros da banca até 2007 refrearam, depois, até 2010. Nestes anos, a proporção de lucros distribuída como dividendos foi superior a um terço. Depois de 2011, os bancos acumularam 7,37 mil milhões de prejuízos. Mesmo assim, houve 253 milhões de dividendos pagos. (Nota: os dividendos distribuídos incluem resultados gerados por créditos que no futuro poderão requerer a constituição de imparidades)


OITO ANOS DE ESCÂNDALOS FINANCEIROS


BCP, 2007 O BCP foi acusado de financiar encapotadamente os seus próprios aumentos de capital, em 2000 e 2001, através de crédito dado a sociedades offshore que compraram ações do banco. O Ministério Público abriu investigação e acusou ex-administradores do banco, incluindo Jorge Jardim Gonçalves, de crime de manipulação do mercado e falsificação de documentos. Os processos estão ainda em recurso. Outra acusação inicial, a de burla, foi retirada. Entretanto, a estrutura de controlo do banco mudou, com a entrada de acionistas de peso, como a Sonangol, e o Estado foi chamado a financiar o banco. As ações valiam em 2007 mais 78 vezes do que valem hoje. Desde 2008 houve sete aumentos de capital. 

BPN, 2008 Rumores e desentendimentos entre acionistas, com um bloco a contestar o fundador do banco, José Oliveira Costa, aceleraram as investigações a operações suspeitas, pondo a nu uma teia de cumplicidades como nunca se tinha visto no Portugal democrático. O BPN foi nacionalizado em novembro de 2008 e já custou ao Estado €4,5 mil milhões, mas há ainda €3,2 mil milhões de créditos tóxicos por cobrar, que foram colocados num veículo do Estado quando o banco foi vendido ao luso-angolano BIC, em dezembro de 2011. Muitos processos estão ainda em aberto, com acusações de burla qualificada, abuso de confiança, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada, aquisição ilícita de ações e falsificação de documentos.

BPP, 2008 Um mês depois da nacionalização do BPN, o BPP precisou de uma injeção de €450 milhões, tendo sido formado um sindicato bancário com aval do Estado. O presidente do banco, João Rendeiro, foi afastado do banco e após várias tentativas de venda, o BPP entrou em processo de liquidação, situação em que ainda se encontra. Na mesma altura em que Rendeiro pediu dinheiro às Finanças e ao Banco de Portugal, lançou um livro com o nome “História de um banqueiro de sucesso”. Foi acusado de burla qualificada – de que seria absolvido em junho deste ano em primeira instância – e de falência dolosa.

BES, 2014 No verão de 2014, o grupo com mais de 150 anos de existência ruiu, foi intervencionado e partido em banco bom e banco mau. As empresas não financeiras do grupo entraram em insolvência e os impactos atingiram a Portugal Telecom. O Estado, através do Fundo de Resolução e da banca, injetou no banco ‘bom’ — o Novo Banco — €4,9 mil milhões. Ricardo Salgado está a ser investigado pelo Ministério Público por alegados crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais, burla qualificada, falsificação de documentos, falsificação informática, corrupção no sector privado e abuso de confiança. Fornecedores do GES e clientes de papel comercial tiveram perdas. Os prejuízos para o Estado da derrocada do Grupo Espírito Santo, e a forma como eles serão distribuídos, ficará mais claro quando o Novo Banco for vendido.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Evolução da dívida direta do Estado - Setembro/Outubro 2015



Em 30 de setembro de 2015, o saldo da dívida direta do Estado cifrou-se em EUR 225.723 milhões, aumentando 1,2% face a agosto de 2015. O incremento na stock na dívida ficou a dever-se essencialmente à emissão do novo benchmark a 7 anos (OT 2,2%OUT2022), com um valor nominal de EUR 3.000 milhões. Adicionalmente realizaram-se 2 leilões de BT, nos montantes de EUR 300 milhões (na linha a 6 meses BT 18MAR2016) e EUR 1.058 milhões (na linha a 12 meses BT 23SET2016), que parcialmente compensaram a amortização do BT 18SET2015 no valor de 1.437 milhões. Foram ainda efetuadas recompras bilaterais do BT 20NOV2015 e do BT 18DEZ2015 num total de EUR 270 milhões. Os saldos de CA e CT mantiveram o contributo positivo, aumentando EUR 15 milhões e EUR 152 milhões, respetivamente. O stock de CEDIC diminuiu EUR 383 milhões, enquanto o stock de CEDIM se manteve inalterado. As flutuações cambiais contribuíram para um acréscimo do stock da dívida em EUR 21 milhões.

Em 31 de outubro de 2015, o saldo da dívida direta do Estado cifrou-se em EUR 223.126 milhões, diminuindo 1,2% face a setembro de 2015. A redução do stock na dívida ficou a dever-se, essencialmente, à amortização da OT 3,35% Out2015, com um valor nominal de EUR 5.425 milhões e à amortização antecipada parcial da OT 6,4% Fev2016, no valor de EUR 54 milhões e da OT 4,2% Out2016, no valor de EUR 226 milhões, que mais do que compensaram a emissão da OT 2,875% Out2025 com um valor nominal de EUR 950 milhões e da OT 4,1% Abr2037 com um valor nominal de EUR 350 milhões. Adicionalmente realizaram-se 2 leilões de BT, nos montantes de EUR 300 milhões (na linha a 3 meses BT 22JAN2016) e EUR 1.100 milhões (na linha a 11 meses BT 23SET2016). Os saldos de CA e CT mantiveram o contributo positivo, aumentando EUR 21 milhões e EUR 177 milhões, respetivamente. O stock de CEDIC aumentou EUR 280 milhões, enquanto o stock de CEDIM diminuiu EUR 385 milhões. As flutuações cambiais contribuíram para um acréscimo do stock da dívida em EUR 318 milhões.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Notas soltas de um eleitor inquieto (epílogo) by Artur G. Nunes

Das coisas interessantemente previsíveis que acontecem na noite eleitoral.
- É esta a noite em que acontecem coisas interessantes, que reflectem o respeito (?) de alguns pelo conceito "um cidadão, um voto", vulgo democracia, sim, aquela coisa que se iniciou na Grécia antiga, que elegeu o Syriza e Tsipras duas vezes em 6 meses com maioria absoluta, que é praticada em toda a União Europeia mas só por cá é que não é legitima por uma simples razão: O povo é burro. Não percebe, não entende, engana-se.
Personalidades tão sagazes como Ana Gomes declaram estar em estado de choque, outros confessam que não percebem o que está a acontecer (não é de agora), outros preferem não dizer nada usando desculpas esfarrapadas.
É bom que seja a esquerda a dizer isso porque coloca as coisas nos seus devidos lugares apesar de se intitularem "representantes (únicos) do povo": o povo português é burro. Terá sido burro de há 4 anos para cá, porque durante 15 anos foi fantástico.
- Outra coisa previsível (escrevi-o aqui dois dias atrás) é ser esta noite a noite da esquerda unida: colocam-se de lado as rivalidades e diferenças que durante 4 anos (de crise, sem contar com com os 15 anos anteriores em que não havia crise, havia lá!...) separaram as diversas correntes e personalidades da área, não permitindo qualquer ideia de acordo ou compromisso.
Mesmo com o 15 de Setembro a apelar à unidade, tenho para mim que os partidos da esquerda ficaram mais assustados com a ideia de perderem o controlo e o protagonismo do que entusiasmados com 1 milhão de pessoas a clamar desesperadamente por eles: fizeram assim umas coisas, uns congressos para alternativas, uns encontros em magnas aulas de que nada resultou (excepto ainda mais partidos, para lutar pela unidade...) e conduziram, mais uma vez, a que viessem todos a jogo a tratar da sua vida cada um por si, até mais do que antes: ainda arranjaram espaço politico e mediático para mais 3 ou 4 partidos, a onda parecia larga e haveria "lugar" para todos... só não contaram com a "burrice" do povo. Ou a desesperança no "inconseguimento" da sua unidade, pragmática, programática, com cedências em detalhes para objectivos maiores. O muro do PCP não permite que isso aconteça. La gauche ces't moi!.
- Nunca como nunca está a esquerda tão unida como na noite das eleições! Em primeiro lugar porque juntar todos os deputados às migalhas pode dar uma maioria no parlamento, mesmo que "poucochinha"; depois porque na hora da derrota estão todos igualmente deprimidos, sem saber (?) porque terá acontecido o que aconteceu (e o povo português é que é burro...)
É um momento raro que devem saborear: o mito da esquerda unida, por uma noite. Depois ao amanhecer e progressivamente, com a luz de um novo dia a tornar mais evidentes os contornos e motivos, as formas que nunca permitem que se encaixem as peças, vão-se afastando novamente uns dos outros, deitando obviamente as culpas para terceiros: o grande capital, a comunicação social, a direita neo-liberal, o partido socialista que afinal volta a estar a fazer políticas de direita, o partido comunista que continua alinhado com a URSS, porque ainda não percebeu que já não existe, os bloquistas que embalados pelos resultados já se vêm a subir de novo nas próximas eleições e a não precisar de mais ninguém, o Livre que consegue o seu objectivo, colocar Rui Tavares como deputado, fica feliz, etc...
Voltarão a "reunir-se" virtualmente nas próximas eleições, na noite após e não antes, o sistema também é disto que se alimenta.
- Quando Costa, aconselhado não se sabe bem por quem, baseado não se percebe em quê e com uma estratégia que ninguém percebeu depois, lança-se ao assalto do partido, pensando que tendo o partido no bolso teria o país a seus pés, agradecido e reconhecido, confundindo a beira da estrada com a estrada da Beira ou um país diverso e desigual com a autarquia da capital saiu à caça do coelho, ninguém dava um tostão pelo coelho. Já estava cozinhado antes de caçado.
Eu dizia que bastava falar para afundar o partido. Comparei Costa ao Concordia, não porque tivesse algum prazer em ver o PS cair (no ridículo e nos votos), antes pelo contrário, mas porque era um erro de casting claro, o homem errado no sitio errado na altura errado e pelas razões erradas.
O PS precisa tirar a cabeça da areia, limpar os esqueletos dos armários, abrir as janelas e arejar cabeças e ideias, fazer um mea-culpa e auto-critica real e não cosmética para sobreviver para além da irrelevância.
- O PS tem andado a reboque de um acontecimento triste mas que é pouco valorizado: como a queda de um Cessna mudou tudo, tornando um palco partilhado num monólogo de um solista. Sem esse percalço da nossa democracia, nunca o PS por si teria tido a expressão eleitoral e o domínio da sistema político que veio a ter.
O desaparecimento do "cometa" PRD de Eanes também ajudou mais tarde a essa domínio, talvez por ter andado demasiado perto do Sol (mas como agora são todos amigos, não interessa).
Não o ter percebido provocou a tentação do abuso, a arrogância dos insubstituíveis, a incompreensão pela ingratidão dos eleitores. De certa forma precisa também de se ajustar, de se refundar e de reconquistar a nossa confiança. Não sei é se haverá luz suficiente ao fundo do túnel. Provavelmente fazem mais um congresso, elegem novo líder por aclamação e sem contestação e enfiam de novo a cabeça na areia, eternos incompreendidos.
Para bem de Portugal, esperemos que não.




PS: Publicado com autorização do autor (Artur G. Nunes).

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Em quem votar!

Temos eleições este fim de semana. O futuro governativo do país para os próximos 4 anos, decide-se este Domingo, 4 de Outubro, e vamos ter de decidir, "Em quem votar"!
Como sabem fui muito critico deste governo, e a bem da minha consciência e da coerência com o que disse desta Governação (sobretudo durante os primeiros dois anos, tempos de Vítor Gaspar) nestas eleições eu não deveria votar nos partidos deste Governo.
Eu, queria mesmo era votar num partido que propusesse reduzir a despesa, em vez de a deixar aumentar. Queria votar num partido que propusesse acabar com os "Jobs for the Boys". Queria votar num partido que propusesse reduzir o deficit a zero no fim da legislatura. Queria votar num partido que apostasse em melhorar a situação dos desempregados, dos reformados, dos jovens, dos professores, dos polícias, dos militares, dos enfermeiros, dos estagiários, etc, etc, etc... Queria votar num partido, que apostasse na iniciativa privada, que apoiasse as empresas exportadoras, que fizesse ainda mais das exportações um desígnio nacional, que criasse cluster de área, cada vez mais fortes, que potenciasse o Turismo, nomeadamente a Hotelaria e a Restauração, e que apostasse claramente no crescimento económico como forma de resolvermos vários problemas da nossa sociedade, nomeadamente a nossa divida.
Mas a verdade é que nenhum partido propõe estas coisas, todas em simultâneo, que todos nós devíamos exigir deles.
Portanto o meu voto terá de ser baseado no princípio do bem comum para nossa democracia. Como dizia Churchill, a Democracia é o pior sistema político que há, com a excepção de todos os outros que vão sendo experimentados de tempos a tempos.
Para poder escolher para o bem comum, da forma mais correcta e com a melhor análise possível, tenho de me basear nos programas com que se apresentam e na experiência passada de cada partido/candidato.
Se por motivos ideológicos me afasto de forma incompatível com os partidos de influência marxista, e dos partidos fascistas e ou nacionalistas, há três que estão mais próximos do chamado centro ideológico, onde me posiciono e em que poderia votar: o CDS/PP, o PPD/PSD e o PS.
Os primeiros dois vão em Coligação a estas eleições, chamada "Portugal à Frente", resultante da Governação dos últimos 4 anos.
O PS vai sozinho, se bem que fruto dos resultados que se apontam nas sondagens, já se fala em coligações pós eleições à esquerda.
Portanto não tenho grandes opções: ou voto no PS ou na Coligação.
Começando pela coligação, como ao longo destes 4 anos, chamei várias vezes a atenção para diversos erros na governação (sobretudo nos primeiros 2/3 anos), seria completamente ilógico para mim votar nesta coligação, apenas há um ano atrás.
Mas a verdade é que durante esta governação a Troika foi-se embora, o governo teve coragem para aplicar uma austeridade cega que não era incialmente dele, não cedeu a diversos grupos de pressão, nem mesmo ao "Dono Disto Tudo", não desistiu perante adversidades, mesmo quando os problemas às vezes eram irrevogáveis.
Obviamente, também os tenho de avaliar por aquilo que propõem para os próximos 4 anos. Da última vez, de tudo o que prometerem, houve uma grande parte do programa que não cumpriram, o que não abona muito a favor da PaF. Têm a desculpa que encontraram as coisas bem piores do que o Governo anterior tinha comunicado aos portugueses e à Troika.
O que propõem para os próximos 4 anos, é a continuação do modelo que têm implementado até aqui, se bem que agora pareça que vão ser um pouco mais relaxados em termos de políticas austeritárias, fruto dos resultados, daqueles que Portugal já conseguiu.
Em relação ao PS, tenho de pesar o que fizeram como oposição, tenho de avaliar as pessoas que estão à frente do partido, e o seu percurso político, mas também aquilo que fizeram da última vez que foram Governo, com as consequências que sabemos, nomeadamente o pedido de dinheiro de emergência à Troika, e a perda de credibilidade da República.
As pessoas não me agradam, pois são na sua grande maioria os que em 2005-2011 tão mal fizeram ao país, e que nos levaram a ser "resgatados". São pessoas que para além do mais na sua forma de ser, me fazem lembrar o que aconteceu nos tempos de Jorge Coelho no PS, ou nos tempos de Dias Loureiro ou Duarte Lima, no PSD. O PS que eu mais aprecio é o de João Nogueira Santos, de António José Seguro ou de Henrique Neto.
Tenho também de pesar o que propõem para os próximos 4 anos. E fala-se em aumento do investimento público, redução do desemprego, reversão de privatizações e outros soluções ligadas ao Estado.
E aí entra em conta também a possível coligação governativa pós-eleitoral com o Bloco de Esquerda e/ou o Partido Comunista Português, com políticas mais à esquerda ainda.
Isso sim, deixa-me muito preocupado. Eu não lhe chamaria nunca solução governativa. Antes, um pesadelo governativo.
Se a PaF ganhar sem maioria absoluta (que parece ser o cenário mais provável), António Costa - como anunciou várias vezes - chumba o orçamento de estado (ao contrario do que o PSD fez em governos de maioria relativa de Guterres e Sócrates e ao contrário do que um partido responsável faria, respeitando o resultado das eleições) impossibilitando a governação.
Nesse cenário, se a PaF ganhar sem maioria absoluta, António Costa procurará uma aliança com BE e a CDU para assim ser governo, não o partido mais votado, mas sim uma manta de retalhos (dada a diferença de programas), com influências marxistas, claras. (Li no outro dia e concordo, que Portugal é dos países europeus com mais marxistas, e por isso vai poder passar a ter um novo modelo de turismo político, para as pessoas dos países do antigo Pacto de Varsóvia, poderem vir ao Museu "Vivo" do Marxismo).
Voltará assim o PS ao poder, de forma muito "habilidosa", e permitindo com isso, que todas as dificuldades que os portugueses tiveram de passar nos últimos anos, possam ser em vão.
As sondagens deixam muitas dúvidas e os cenários possíveis são mais que muitos, pois ainda há muitos indecisos, mas o que não gostaria mesmo, é de voltar à despesa exagerada, ao descontrolo das contas públicas, ao descontrolo do deficit, à descredibilização da República outra vez, ao aumentar da dívida, à dificuldade de obter financiamento nos mercados, aos ratings a continuarem no lixo, aos investidores a fugirem do país, a viver num país socialista de inspiração venezuelana, e por último, mas mais importante que tudo isso, aos jantares com procuradores para discutir livros de filosofia! ;-)
Por isso entre PS e PaF não me restam grandes dúvidas... sei perfeitamente em quem votar!
Para evitar um governo de inspiração marxista, vou votar na Coligação, e possivelmente com isso ajudar a PaF, a ter maioria de deputados no parlamento.
Vou votar com a consciência de que Portugal pode não estar como eu desejava, mas não deve e não pode voltar ao mesmo modelo de governação, que nos atirou para o lugar onde estávamos há 4 anos.
Isso é que não...
PS: E já agora se a Coligação ganhar, é bom que melhorem realmente a situação em Portugal. Já era hora de os portugueses terem mesmo um bom governo! O potencial está lá, falta a confirmação.
Cenas dos próximos 4 anos...


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Portugal 1980-2014: Retrato Económico e Social em gráficos

O BPI teve a amabilidade de nos fazer chegar um conjunto de indicadores interessantes sobre a nossa sociedade e a evolução dos mesmos, com o nome "Portugal 1980-2014: Retrato Económico e Social em gráficos".

É um documento interessante e que vale a pena verificar.

PS: Nota de uma primeira vista de olhos, o gasto em despesas de saúde com cada um de nós, no ano de 2013, foi de € 821,30. Quer dizer que em média, isto é o que cada um de nós contribui para o estado ao longo de um ano, para assegurar o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Evolução da dívida direta do Estado - Julho/Agosto 2015



Em 31 de julho de 2015, o saldo da dívida direta do Estado cifrou-se em EUR 223.092 milhões, aumentando 1,1% face ao final do mês anterior. O aumento do stock da dívida ficou a dever-se, essencialmente, à realização de dois leilões de OT, nos montantes de EUR 1.043 milhões (na linha OT 4,8%JUN2020) e EUR 697 milhões (na linha OT 4,1%ABR2037). Realizaram-se ainda 2 leilões de BT, nos montantes de EUR 677 milhões (na linha a 6 meses BT 22JAN2016) e EUR 1.220 milhões (na linha a 12 meses BT 22JUL2016), que mais do que compensaram a amortização do BT 17JUL2015 (no valor de EUR 1.933 milhões). O outstanding de CEDIC aumentou em EUR 237 milhões, e os saldos de CA e de CT registaram um contributo líquido positivo de EUR 20 milhões e de EUR 132 milhões, respetivamente. Em sentido contrário evoluiu o saldo de MTN em euros (EUR 54 milhões), em virtude da amortização parcial antecipada do BND EUR OUT2022. As flutuações cambiais contribuíram para um acréscimo do stock da dívida de EUR 323 milhões.
em Notas explicativas ao Boletim Mensal do IGCP, E.P.E.


Em 31 de agosto de 2015, o saldo da dívida direta do Estado cifrou-se em EUR 223.189 milhões, mantendo-se praticamente inalterada face ao final do mês anterior (aumento de 0,04%). A variação do stock da dívida ficou a dever-se, essencialmente, à realização de dois leilões de BT, nos montantes de EUR 400 milhões (na linha a 11 meses BT 22JUL2016) e EUR 790 milhões (na linha a 3 meses BT 20NOV15) que mais do que compensaram a amortização do BT 21AGO15 (no valor de EUR 790 milhões). O saldo de CEDIC registou um decréscimo de EUR 113 milhões, e os saldos de CA e de CT registaram um contributo líquido positivo de EUR 16 milhões e de EUR 164 milhões, respetivamente. As flutuações cambiais contribuíram para uma redução do stock da dívida de EUR 365 milhões.
em Notas explicativas ao Boletim Mensal do IGCP, E.P.E.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Dívida Pública - Lição a nunca mais esquecer: Governo Sócrates

Chamado à atenção para este artigo (http://dlvr.it/C0KJXd), nomeadamente por alguns comentários que foram deixados no Facebook, como "o grande período de endividamento de Portugal foi o da era cavaquista - de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, ... herança deixada, e que comprometerá as próximas gerações" ou "...do tempo do socrates (?), de do tempo antes dele. ora !.... ganda lata!", fez-me voltar atrás e pensar que temos de falar mais sobre este assunto, por forma a que não se repita o mesmo erro for futuros governos.
O peso total da dívida assumida só durante os 6 anos de governação Sócrates? Mais de 60 mil milhões de euros! Deficits assumidos ao longo dos 6 anos em que foi Primeiro Ministro.
E este valor não contabiliza, tudo o que depois teve de ser "assumido" à posteriori, com o alargamento do perímetro contabilístico do estado, que só em PPPs rodoviárias por exemplo, aumentou a dívida em 29 mil milhões de euros.
Portanto este artigo até é simpático. Facilmente se calcula, que Sócrates assumiu para as gerações futuras, aproximadamente metade da dívida actual. Os 41 mil milhões que refere o artigo que ainda faltam pagar dessa altura, há que somar mais quase 60 mil milhões, que só serão pagos em legislaturas posteriores.
Somo sabem tenho sido muito crítico do Governo de Passos Coelho, mas o que Sócrates fez ao país, é de lesa pátria. Foi um traidor, baseado na sua própria vaidade, quis fazer tudo o que podia para agradar a tudo e a todos (sobretudo aos mais próximos), por forma a ficar bem na vida e todos os que o rodeavam também. Não se limitou nunca na despesa, e quando lhe chamavam a atenção para isso, afastava-os ou fazia com que se afastassem (veja-se o caso Campos Cunha).
Por tudo de bom que Sócrates tenha feito, o que fez endividando as gerações futuras para lá do razoável, devia ser alvo de muito maior escrutínio, por forma a evitar-se que no futuro se volte a cometer o mesmo erro.
O limite ao endividamento, tem de ser consagrado na constituição. A responsabilização civil do acto de gestão pública danosa, tem de ser consagrado na lei. Não podemos continuar a aceitar que um empresário por gestão danosa, possa ir preso, enquanto um político por muito dano que cause na "coisa pública", possa ir alegremente gozar a sua pensão vitalícia, sem que ninguém lhe assaque nada. Obviamente que uma lei destas deveria ser alvo de um largo consenso parlamentar, mas que só poderá ser conseguido se os portugueses, Nós, assim o exigirmos aos nossos representantes.
Que assim seja.

PS: Deixo-vos ainda alguns artigos que vale a pena consultar sobre este tema.

Em 2010 alguém já falava sobre a enorme dívida que sócrates ia deixar:
http://quartarepublica.blogspot.pt/2010/02/pao-pao-queijo-queijo-os-numeros-da.html
Em 2011 aqui o vosso amigo fazia um apanhado das dívidas que os vários governos nos deixaram:
http://rderevolucao.blogspot.pt/2011/04/defice-anual-do-estado-portugues-nos.html
E mais recentemente fui verificar os dados do Banco de Portugal (com as correcções aos dados passados, que foram entretanto corrigidos à luz do que entretanto se verificou/descobriu com a vinda da Troika a Portugal):
http://rderevolucao.blogspot.pt/2015/06/divida-publica-portuguesa-dados-do.html

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Rui Rio


Olha quem avisava em 1998... aquilo que se verificou em 2009 e confirmou até 2015!
Posted by Carlos Macedo E Cunha on Wednesday, August 19, 2015

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Evolução da dívida direta do Estado - 30 de Junho de 2015

Em 30 de junho de 2015, o saldo da dívida direta do Estado cifrou-se em EUR 220.641 milhões, diminuindo 1,6% face ao final do mês anterior.
A redução do stock da dívida ficou a dever-se, essencialmente, ao segundo pagamento antecipado do empréstimo do FMI, cujo valor ascendeu a EUR 1.765 milhões, bem como à execução de recompras bilaterais de OT com maturidade até 2016, num total de EUR 679 milhões, e de diversas linhas de BT com maturidade em 2015 num total de EUR 1.151 milhões.
Realizaram-se 2 leilões de BT, nos montantes de EUR 212 milhões (na linha a 3 meses BT 18SET2015) e EUR 593 milhões (na linha a 11 meses BT 20MAI2016), que parcialmente compensaram a amortização do BT 19JUN2015 (no valor de EUR 1.133 milhões).
Em sentido contrário evoluiu o outstanding de CEDIC, que aumentou em EUR 492 milhões, o saldo de CA e de CT que registaram um contributo líquido positivo de EUR 12 milhões e de EUR 90 milhões, respetivamente.
As flutuações cambiais contribuíram para um decréscimo do stock da dívida de EUR 355 milhões.
In http://www.igcp.pt/gca/index.php?id=1473

quarta-feira, 22 de julho de 2015

A desunião da União...

«Um bom trabalho do economista sénior para a Europa da Jefferies, que revela bem como o projecto do Euro está incompleto e a diferença de esforços entre os diversos Estados dentro dos Estados Unidos e da Alemanha e restantes países economicamente fortes para com os seus "parceiros" Europeus
Enquanto que a contribuição liquida da Alemanha para o orçamento europeu é de 0.47% do seu PIB, o Estado de Nova Iorque transferiu 4.4% anualmente desde 1990.»
"Roubado" por aí...

quarta-feira, 10 de junho de 2015

10 de Junho - História de Portugal

10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é também conhecido como o "Dia da Raça”.


O 10 de Junho é adoptado e adaptado pelo regime instaurado em 1933, e passa a ser conhecido como o Dia da Raça.

Conceição Meireles,especialista em História Contemporânea da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
“Quando se tenta exaltar o Dia da Raça, é a raça do povo português entendida de uma forma geral, global”. O que está em causa é a “originalidade” e “a capacidade dos portugueses”, explica Conceição Meireles.

“O Estado Novo sempre quis sublinhar a originalidade do povo português face aos outros povos europeus. Por alguma razão este pequeno povo tinha uma História de séculos; era dos Estados mais antigos da Europa e tinha um Império colonial que quase nenhum outro país europeu possuía”.

Esta era a “raça do povo português que tinha de ser “exaltada a todo o custo”, era a “raça no sentido do dia do povo português”, explica a historiadora. 

O Dia da Raça, no Estado Novo deve ser entendido no sentido em que significa “um povo diferente, aparentemente frágil, mas com valores que lhe permitiram grandes realizações”.

Texto "roubado" ao Pedro Costa Pinto.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Dívida Pública Portuguesa - Dados do Banco de Portugal

Nos últimos dias temos ouvido muitos economistas e políticos falar da Dívida Pública, e do quanto terá subido no mandato do actual Governo.
Não sei se será por desconhecimento ou por pura má fé, mas a verdade é que desde Jorge Coelho ontem no programa a Quadratura do Circulo na SIC, que referiu que com este Governo a Dívida teria subido 84!!! mil milhões de euros, a Francisco Louçã, hoje no Jornal da Noite da SIC Notícias, que referiu que esta teria subido 40 mil milhões de euros, ou mesmo o candidato do PS a Primeiro Ministro, António Costa, que referiu que a Dívida aumentou 33% do PIB (ou seja perto de 60 mil milhões de euros), os números avançados estão totalmente errados ou são simplesmente falsos (depende de interpretarmos, ou não, estas informações como má fé).
Mas para tirar as duvidas, fiz o que costumo fazer habitualmente e fui procurar os dados divulgados pelo Banco de Portugal, que incluem os depósitos que o Estado detém e que, na prática, abatem à dívida para obter a dívida líquida.

Evolução da dívida líquida:
Dezembro de 2010 : 158.736 M€
Abril de 2015 : 208.791 M€

Vale a pena ver o gráfico para se ver/perceber melhor.

Em 2015 o aumento líquido da dívida está muito controlado, o que parece indicar que se está a chegar a um equilíbrio no deficit público. Evidentemente que as restrições orçamentais e os cortes têm sido muitos e, muitas vezes, cegos, mas este equilíbrio reflecte uma queda acentuada do deficit.
Se costumo criticar este Governo em diversas áreas, nesta área os resultados oficias falam por si e temos de dar a mão à palmatória, e reconhecer que o trabalho e esforço realizado pelos portugueses, começa a dar os seus frutos.
Nestes 3 anos e meio, a Divida subiu (apenas!?) cerca de 25 mil milhões de euros, e está a descer pela primeira vez desde há muitos, muitos, muitos anos... Para termos um termo de comparação, no último ano do mandato do Governo Sócrates, a Dívida cresceu em termos líquidos quase 50 mil milhões de euros, e o deficit foi de 24 mil milhões de euros... Isto numa comparação de um ano, versus quase 4 anos!!!
Por isso, recomendo aos economistas deste país, aos políticos e aos portugueses em geral, que antes de fazerem afirmações destas, e para não serem desmentidos pela realidade, vale a pena consultar as séries do Banco de Portugal. Aprende-se muito com elas... Pena que é, que ninguém o costume fazer. Nem mesmo os jornalistas...

O Drama das Eleições Legislativas de 2015

Quando o meu Pai quer falar de algo que o incomoda muito, refere sempre: "Sabes o que é dramático?"
Pois nas próximas Eleições Legislativas, vamos ter "Drama", pois estaremos num beco sem saída, que mostra bem o quão imatura é esta nossa jovem Democracia.
Sem me referir assim ao "Drama" que envolve, escrevi recentemente sobre isso em:
http://rderevolucao.blogspot.pt/2015/05/jogo-do-galo-nas-proximas-eleicoes.html

E sabem qual o drama?
Este governo que nos desgoverna, apesar de ser muito mau no papel que desempenha, mesmo assim, é muito melhor do que foi o governo anterior, em aspectos que têm a ver com o nosso futuro financeiro.
O drama, é que estamos a eleger gente fraca para nos governar há tempo a mais... e o mais dramático de tudo, é que como povo somos incapazes de gerar soluções políticas, para resolver os problemas em que colectivamente nos metemos.
Ou os portugueses pensam que a culpa é só dos Passos e dos Sócrates?
A culpa antes demais é nossa como povo, que fomos os que os escolhemos e os lá colocamos.
Saibamos escolher melhor os líderes dos nossos partidos, e o caminho será claramente melhor!
Não me conformo em ter de escolher, entre o Passos e o Costa, a Catarina e o Paulo, entre o Jerónimo e o Marinho... o único que ainda pode vir a ter algum interesse, mas não tem massa critica suficiente, é o Livre do Rui Tavares.
Para mim à esquerda demais (no entanto isso é uma questão meramente pessoal), mas tem um modelo de eleição e selecção das suas lideranças e dos seus representantes, muito mais correcto que o dos outros partidos.
A nossa democracia ainda tem muito que evoluir, e estas eleições são a prova perfeita disso.

sábado, 30 de maio de 2015

Evolução da dívida direta do Estado

Em 30 de abril de 2015, o saldo da dívida direta do Estado cifrou-se em EUR 220.342 milhões, diminuindo 0,2% face a março de 2015.

A redução do stock da dívida ficou a dever-se, essencialmente, à redução do stock de OT em cerca de EUR 573 mil milhões, que resultou sobretudo da realização de uma operação de troca de OT com maturidade em 2017 e 2018, num montante global de EUR 4.387 milhões (valor nominal), por OT que amortizam em 2024 e 2030, num montante total de EUR 3.872 milhões (valor nominal). Foram também efetuadas recompras bilaterais da OT 6,4%FEV2016 e OT 4,2%OUT2016 num total de EUR 58 milhões.

Tiveram ainda lugar 2 leilões de BT, nos montantes de EUR 300 milhões (na linha a 3 meses BT 17JUL2015) e EUR 960 milhões (na linha a 11 meses BT 18MAR2016), que mais do que compensaram a amortização do BT 17ABR2015 (no valor de EUR 1.158 milhões).
Os saldos de CA e CT registaram um contributo líquido positivo, aumentando EUR 29 milhões e EUR 104 milhões, respetivamente.
Registou-se ainda uma emissão líquida positiva de CEDIC de EUR 508 milhões.
As flutuações cambiais contribuíram para um acréscimo do stock de dívida de EUR 668 milhões.
in Notas explicativas ao Boletim Mensal do IGCP, E.P.E.

domingo, 10 de maio de 2015

Jogo do Galo nas próximas Eleições Legislativas

Nas próximas eleições legislativas estamos num beco sem saída.
Estamos como aquele jogador que ao jogar o Jogo do Galo percebe que este jogo é impossível de ganhar.
O nosso drama são as opções que temos, a saber:
O PCP vive na "maionese" derivada de um livro com mais de 100 anos.
O BE optou por colocar "caviar em cima da maionese" para ver se a coisa parecia mais moderna.
O partido que todos "PODEMOS" um dia criar, não saiu do papel e está "SYRISADO".
Nem o famosos PSL saiu do papel...
O PS anda todo a fumar "coisas maradas" e acha que é possível gastar o dinheiro que não temos.
O CDS... nestas eleições não participa.
O PSD quer manter esta linhagem governativa que apesar de resultados positivos do ponto de vista macro, tornou o pais real muito mais pobre, com mais desemprego e menos esperança num futuro melhor.
E se o realismo é fundamental, a esperança também o é, e o actual Primeiro Ministro em 3 anos e meio de mandato, não conseguir perceber isso.
Por isso, venha o boletim de voto em forma de Jogo do Galo, com 3 colunas e 3 linhas.
Assim ao menos, temos com que nos entreter, quando nos pedirem para colocar o "X", na hora de votar...

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Democracia e Comunicação Social: UK versus Portugal

Esta é uma imagem de um dos debates televisionados das eleições de hoje no Reino Unido: 2 horas de debate com 7 candidatos (incluindo o PM)! 

Quem sabe sabe, e os britânicos têm um pouco mais de experiência de vida em democracia que os portugueses (a "Bill of Rights" foi proclamada em 1689, 287 anos antes da nossa Constituição actual). 
À atenção dos nossos legisladores de serviço (PS, PSD e CDS), opinion makers e Directores de Informação da TVI, RTP e SIC que acham que debates com mais de 2 intervenientes e 45m, não são "adequados" para os portugueses.
A nossa jovem democracia agradeceria que houvesse mais maturidade democrática nos actores da vida política portuguesa.
by João Nogueira Santos (adaptado)

quarta-feira, 6 de maio de 2015

A esquerda esvazia a civilização ocidental!

Lido hoje por aí:
«...a esquerda esvazia a civilização ocidental dos seus princípios há mais de um século, Agora, porque se vê a morrer, aceita ser “sodomizada” por quem acha ter esses princípios, é islâmico e nunca se integrou.»

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Evolução Positiva na Dívida Directa do Estado

Em 31 de março de 2015, o saldo da dívida direta do Estado cifrou-se em EUR 220.841 milhões, diminuindo 3,2% face a fevereiro de 2015. 
A redução do stock da dívida ficou a dever-se, essencialmente, ao primeiro pagamento antecipado do empréstimo do FMI, cujo valor ascendeu a EUR 6.588 mil milhões.
Realizaram-se ainda 2 leilões de BT, nos montantes de EUR 315 milhões (na linha a 6 meses BT 18SET2015) e EUR 1.059 milhões (na linha a 12 meses BT 18MAR2016), que parcialmente compensaram a amortização do BT 20MAR2015 (no valor de EUR 1.877 milhões).
Foram efetuadas recompras bilaterais da OT 3,35%OUT2015 e OT 6,4%FEV2016 num total de EUR 197 milhões. As amortizações de MTN ascenderam a EUR 758 milhões e de outras obrigações não euro fixaram-se em EUR 7 milhões (valor nominal), refletindo a amortização do BND USD Mar2015 e amortização parcial do BOND GBP Mai2016, respetivamente.
Os saldos de CA e CT registaram um contributo líquido positivo, aumentando EUR 15 milhões e EUR 63 milhões respetivamente. Registou-se ainda uma emissão líquida negativa de CEDIC de EUR 161 milhões e positiva de CEDIM no montante de EUR 1 milhão.
As flutuações cambiais contribuíram para um acréscimo do stock de dívida de EUR 747 milhões.
in  Notas explicativas ao Boletim Mensal do IGCP, E.P.E.

domingo, 26 de abril de 2015

A EUROPA CONTRA A EUROPA - Thomas Piketty


"Com o seu egoísmo míope, Alemanha e França maltratam o sul da Europa e, dessa forma, maltratam-se a si próprias. Com dívidas públicas a aproximar-se de 100% do PIB, inflação zero e baixo crescimento, os dois países também levarão décadas para recuperar a capacidade de agir e investir no futuro. O mais absurdo é que, em 2015, as dívidas europeias são essencialmente dívidas internas, assim como em 1945. As detenções de dívida cruzadas entre os países atingiram de facto proporções inéditas: os bancos franceses detêm uma parte das dívidas alemãs e italiana, e as instituições financeiras alemãs e italianas possuem uma boa parte da dívida francesa, e assim por diante. Mas se considerarmos a área do euro como um todo, nós possuímos a nós mesmos. E mais: os activos financeiros detidos por nós fora da zona euro são maiores do que os detidos pelo resto do mundo na zona euro."

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Portugal, as Greves e a Greve na TAP



A Greve na TAP, e outras Greves, ou o fim de um País!!!

Portugal atravessou e ainda atravessa a maior crise Financeira da sua História, cujo desfecho ainda é infelizmente uma incógnita. 
Em 2011, os Portugueses foram chamados a apertar o cinto, tiveram um aumento brutal de impostos, tiveram cortes nos seus salários, bem com o fim de muitas regalias. Tudo isto, para salvar um País que se chama Portugal. Eu, e muitos Portugueses, embora muitas vezes contrariados, fizemos esse esforço para que o País pudesse cumprir com as suas obrigações, quer pagando o que deve, quer baixando o défice orçamental, quer aumentando as exportações e baixando as importações, fazendo história na Balança Comercial. 
Os funcionários Públicos, de uma forma exemplar, ficaram sem boa parte do seu rendimento, passaram a trabalhar mais e a receber menos.
Os aumentos de receita no Turismo, atingem máximos históricos, e Portugal passa a ser um Destino de eleição. A Europa e o Mundo, querem ver este pequeno País, cheio de boas paisagens, boas praias, boas comidas, boas bebidas e com GENTE QUE QUER TRABALHAR !!
No meio de tudo isto, existem uns parasitas, que sob o escudo de uma Lei e uma Constituição (Comunista), e sob o escudo de uma coisa a que chamam "sindicatos", e a outra coisa que se chama "direito à greve" (Nesta soma de Direitos, nunca percebi onde estão os Deveres !!), conseguem parar a economia de um País que precisa de todos os euros para sobreviver. 
Quanto custa a Greve da TAP ? Directamente 70 milhões, mas indirectamente, hotéis, restauração, serviços e comercio, pode atingir os 400 milhões de euros !!!
Quanto às Greves da CP, que custam dezenas de milhões de cada vez, e outras Greves do género, convocadas a titulo de direitos roubados, não aumento de salários e outras causas absurdas (porque todos os Portugueses podem e devem fazer esforços, mas estes Portugueses são especiais, e como tal apenas têm Direitos), custam 300 a 400 milhões de euros ano. 
Afinal andamos a apertar o cinto e a investir para quê ?
Andamos a convidar o Mundo a vir investir e gastar dinheiro em Portugal, para quê ?
Para quando querem vir, uns "meninos amuados" e cheios de "direitos", boicotam o trabalho e o esforço de quem precisa e quer trabalhar ??
É este País que se esforça e luta, que tem que aturar um Grupo de IRRESPONSÁVEIS, que apenas pensam neles ??
Vamos começar a fechar ruas, a parar de vez este País, porque nos apetece ?? Porque queremos algo para nós ?? 
Então, onde fica o interesse Colectivo, onde fica o Interesse do País, onde ficam os Direitos dos outros ??
Este País não pode nem deve ficar refém de IRRESPONSÁVEIS, não pode nem deve consentir que este estado de coisas aconteça !!
Venda-se a TAP a CP, e todos esses Cancros que apenas atrasam o País, e deixem trabalhar quem quer, e deixem Portugal voltar a sonhar !!

by 
Francisco Vieira de Carvalho