segunda-feira, 21 de maio de 2012

Hollande é fofo (mas a realidade também)


Hollande é fofo (mas a realidade também)

Henrique Raposo (www.expresso.pt)
7:59 Segunda feira, 21 de maio de 2012


Amigo chega e pergunta "então, tristinho com a vitória do Hollande?". Não, meu fofo, até estou muito contente. Em primeiro lugar, Hollande libertou Bruni da sua prisão do Eliseu. Coitadinha, já não podia com aquilo. Em segundo lugar, Sarkozy, o canastrão da direita, desapareceu no mapa. O único ponto em que o homem podia ser interessante (política externa da UE) perdeu relevância no meio deste caos económico. Em terceiro lugar, as diferenças entre Sarkozy e Hollande não são assim tão grandes. Sarkozy, por exemplo, também queria que o BCE começasse a imprimir dinheiro para dar aos Estados. Quando reuniu com Hollande na semana passada, Merkel deve ter pensado "afinal é o mesmo sujeito mas com uma mulher diferente". O abismo não está entre Direita e Esquerda em abstracto, mas entre a cultura política alemã e a cultura política francesa.



Em quarto lugar, os socialistas do sul da Europa têm agora de cair na realidade. Durante os últimos tempos, esta esquerda - sempre protegida pelos média à procura da narrativa que simplifique a realidade - inventaram um chavão com a profundidade da carochinha: de um lado estão os maus, com a austeridade, e do outro lado estão os bons, com o crescimento; de um lado está a maléfica consolidação orçamental e do outro lado está o investimento público e a consequente criação política de crescimento. Esta história é muito enternecedora, sim senhora, mas no meio da sala estão dois elefantes a fazer uma rave. Primeiro: como é que o Estado, que está falido e sem acesso aos mercados da dívida, pode investir no sentido de gerar crescimento? Segundo elefante dançante: a causa da crise que atravessamos não foi precisamente esta mania do investimento público através da dívida? Sem um socialista no poder, este socialismo sulista podia continuar a ignorar os elefantes, isto é, podia continuar a vender a história do Capitão Crescimento em luta com a Generalíssima Austeridade; perante a realidade da troika, podia invocar uma utopia brilhante e sem dor. Agora, com mãos socialistas na lama da realidade, essa mentira vai ser desfeita. A vitória do Hollande é uma coisa muito fofa.

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/hollande-e-fofo-mas-a-realidade-tambem=f727441#ixzz1vUk7H8IK


sexta-feira, 18 de maio de 2012

PSI 20

Nas empresas do PSI 20 enquanto as remunerações médias dos trabalhadores baixaram cerca de 11 por cento, em ordem com a queda violenta dos resultados, já os Administradores e Altos Quadros tiveram um incremento de 5,7 por cento!... Quando o capitalismo é selvagem eu também sou de esquerda por um princípio ético do qual não abdico: Quando os momentos são de sofrimento, devem tocar mais a quem mais pode!!! (by Pedro Afonso Trigo).



terça-feira, 8 de maio de 2012

Facturas de Betão - Repórter TVI - 2012-05-07

Partilhem com os vossos amigos... vale a pena, para que todos saibam a factura que TODOS NÓS vamos ter de pagar...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O caso BPN é um caso de corrupção com políticos



O Diário de Notícias de hoje inicia uma série de artigos de fundo sobre o caso BPN. A iniciativa muito meritória do diário foca hoje vários aspectos importantes do caso, assumindo relevo os seguintes:

Há nitidamente um caso BPN antes e após nacionalização. Antes, o BPN era um "caso de polícia" como alguns declinaram logo.
No domínio da gestão de Oliveira e Costa ( preso em casa com pulseira electrónica) o "buraco" era da ordem dos 1,8 mil milhões de euros. Actualmente, o DN estima que pode chegar aos 8,3 mil milhões.

Antes, segundo Miguel Cadilhe, a gestão de Oliveira e Costa, provocou prejuízos que teriam solução se o BdP, dirigido então por Vítor Constâncio, tivesse apoiado o plano de reestruturação. Não apoiou e contribuiu activamente para a nacionalização ocorrida em Novembro de 2008.
Segundo justificação da época essa intervenção do Estado, decidida por José Sócrates, Teixeira dos Santos e com o apoio de Vítor Constâncio, deveu-se ao perigo de "risco sistémico", ou seja ao efeito de contágio aos demais bancos, com o fantasma de um prejuízo gigantesco de 20 mil milhões de euros...

Na altura esse perigo de contágio foi assumido como um risco económico. Miguel Cadilhe é peremptório em afirmar que a decisão foi apenas política e o tal risco sistémico um pretexto para a justificar. Na altura, os economistas já sabiam que a queda do BPN não provocaria tal efeito por uma simples motivo: o banco não tinha outros bancos como credores, porque "era um banco pequeno e já era conhecido por não ser de confiança" ( Soares de Pinho). Para além disso, a sua quota de mercado era na altura de 2%. Noutros países faliram bancos que tinham quotas de mercado mais importantes e tal não accaretou qualquer colapso sistémico.

Para um professor de Economia como Teixeira dos Santos, a menos que seja um perfeito imbecil, no que não se aposta, ou para um Vítor Constâncio relativamente a quem a aposta é muito mais baixa, apesar da aura de génio que o rodeou neste Portugal saído de Abril, esse risco sistémico não poderia ser razoavelmente ponderado. Os custos que adviriam da nacionalização demonstraram o estupendo erro desses dois indivíduos mais o decisor político de topo, José Sócrates, emigrado actualmente em Paris, a gozar rendimentos.

Porque terão decidido como decidiram? É um mistério. Por isso, para elucidar mistérios, temos sempre os velhos instrumentos da dedução, indução e abdução. Sem processos intencionais, são os factos que os tramam.

Um antigo deputado do PS já disse no outro dia na televisão que não foi qualquer risco sistémico que justificou verdadeiramente a nacionalização do BPN. Foi outra coisa: os interesses de accionistas e depositantes.
Vejamos: a quem se dobrariam aqueles decisores, perante agradar a gregos ou a troianos? Quanto a mim, abductivamente, a certos depositantes.

Quem são eles? Vários e o DN nomeia alguns: o maior era uma empresa, Pousa Flores, de um tal Arlindo de Carvalho, ministro de Cavaco e de um tal José Neto, do PS. Os negócios ruinosos com várias empresas afundaram a conta no BPN.
Depois, um tal Emídio Catum e Fernando Fantasia, empresários envolvidos em negociatas no caso do futuro aeroporto de Alcochete. 53 milhões é a cratera destes dois génios dos negócios.

A seguir, um tal Al Assir, um libanês amigo de Dias Loureiro, e que obtivera empréstimos do banco sem garantias especiais. De amigo, portanto. 30 milhões de euros é o buraco do Assir.

Logo a seguir vem um indivíduo curioso que no outro dia foi citado no julgamento do Freeport, o arquitecto Capinha Lopes. Também é accionista da SLN, o arquitecto faraminoso do Freeport e em relação ao qual José Sócrates terá dito que era o arquitecto certo para o empreendimento certíssimo. 8,3, milhões sem qualquer garantia, porque pelos vistos também era para amigos.

Um tal Luis Filipe Vieira, presidente de um clube de Lisboa também conseguiu sacar umas massas do BPN: uns míseros 20 milhões, em conta caucionada para investimento no fundo Real Estate, em parceria com o BPN.

Quanto a Dias Loureiro que partia e repartia, a melhor parte dele terá sido entre 10 a 30 milhões. Dá para viver. Até em Paris...

O jornalista desportivo João Marcelino , cujo mérito nesta iniciativa é inquestionável, louvável e único, titula o seu escrito sobre o assunto: "A promiscuidade e, claro, o roubo".

É preciso ver muito bem quem foram os verdadeiros ladrões. Não são, segundo julgo, aqueles que têm sido apontados...e se já há alguém no DIAP a fazer raciocínios elípticos sobre fenómenos de corrupção no caso do espião do SIED, então aqui, neste caso vai ser preciso menos que isso: basta atentar nos factos conhecidos e nas pessoas envolvidas.

O Diário de Notícias com esta infografia que segue pretende fazer o mesmo que o Expresso com o caso dos espiões: mostrar o argueiro do problema sem atender à trave que agora afinal levantou. Nesta infografia faltam algumas caras: precisamente aquelas apontadas, de José Sócrates, Vítor Constâncio e Teixeira dos Santos. Os maus desta fita não são apenas os do PSD...e como diz Paulo Soares Pinho no artigo, "toda a gente fala do buraco do BPN, mas estamos a falar até agora de perdas inferiores ao buraco da CGD." Quem é que esteve na CGD para cavar este buracão? Disse Catroga: foram "O Vara e o Bandeira, que abandalharam aquilo tudo"...e afinal quem é que nomeou "o Vara e o Bandeira"? Pois foi e toda a gente sabe: foi o emigrado de Paris, José Sócrates. Não se esqueçam dele que ele não se esquecerá de vós...

Mais ainda: quem é que nomeou o tal Bandeira para administrar o BPN depois da nacionalização e em "part-time" com a gestão da CGD? Pois foi e toda a gente sabe: foi o emigrado de Paris, José Sócrates. Não se esqueçam...

Afinal, passar de um buraco de nem sequer dois mil milhões para um de mais de oito mil milhões é obra que deixa marcas. Mesmo para um jornalista desportivo são muitos penalties sem assinalar... e o D.N, tem muita dificuldade em assinalar penalidades destas. 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Donos de Portugal


Peca por ter uma perspectiva histórica muito curta... devia começar pelo menos nos tempos do Marquês de Pombal (ou Sebastião José de Mello).

Mas é bom para nos situarmos no capitalismo português deste último século!

http://www.donosdeportugal.net/



Donos de Portugal é um documentário de Jorge Costa sobre cem anos de poder económico. O filme retrata a proteção do Estado às famílias que dominaram a economia do país, as suas estratégias de conservação de poder e acumulação de riqueza. Mello, Champalimaud, Espírito Santo – as fortunas cruzam-se pelo casamento e integram-se na finança. Ameaçado pelo fim da ditadura, o seu poder reconstitui-se sob a democracia, a partir das privatizações e da promiscuidade com o poder político. Novos grupos económicos – Amorim, Sonae, Jerónimo Martins - afirmam-se sobre a mesma base.

No momento em que a crise desvenda todos os limites do modelo de desenvolvimento económico português, este filme apresenta os protagonistas e as grandes opções que nos trouxeram até aqui. Produzido para a RTP 2 no âmbito do Instituto de História Contemporânea, o filme tem montagem de Edgar Feldman e locução de Fernando Alves.

A estreia televisiva teve lugar na RTP2 a 25 de Abril de 2012. Desde esse momento, o documentário está disponível na íntegra em www.donosdeportugal.net.

Donos de Portugal é baseado no livro homónimo de Jorge Costa, Cecília Honório, Luís Fazenda, Francisco Louçã e Fernando Rosas, publicado em 2010 pelas edições Afrontamento e com mais de 12 mil exemplares vendidos.