terça-feira, 22 de outubro de 2013

Portus Calem - Porto e Gaia - O "Grande" Porto

Veio-me a vontade de escrever este texto, ao passar do lado de Gaia, numa das estradas construídas nos últimos tempos, ao lado do "The Yeatman Hotel" a ver o Rio Douro e a cidade do Porto, e ao ler tantos comentários sobre este tema, no Facebook de várias pessoas minhas conhecidas.
Ao contrário de muitos, que fazem política pelo gozo que lhes dá e pela política em si, com tudo o que de negativo/positivo se possa encontrar nela, eu o pouco que faço, é cidadania política, por um imperativo de consciência, de que todos temos a obrigação de participar na construção de um futuro melhor. 
É do alto dessa minha visão romântica e inocente da política, que vos deixo aqui uma opinião que sei que muitos de um lado e do outro, das trincheiras dessa política pela política, nunca concordarão comigo. 
Mas mesmo assim... 
Penso eu de que... Rui Rio fez um trabalho notável em 12 anos de Presidência de Câmara Municipal do Porto! Deixou a sua marca na política da autarquia em muitos aspectos do quotidiano dos portuenses. Podia ter feito melhor? Podia, mas deixou essa marca que, para o bem e para o mal, não será facilmente esquecida. 
Penso ainda de que... Luís Filipe Menezes fez um trabalho notável em 12 anos de Presidência de Câmara Municipal de Gaia! Transformou uma manta de retalhos de pequenas aldeias numa notável cidade. Podia ter feito melhor? Podia, mas deixou uma marca em Gaia que, para o bem e para o mal, não será facilmente esquecida.
Termina um ciclo no "Grande" Porto, que dificilmente nos próximos tempos se repetirá.
Creio que Rui Moreira tem no entanto a vida mais fácil, para melhorar aquilo que Rui Rio lhe deixou, até porque a fama da sua competência antecede-o. 
Já Eduardo Victor Rodrigues vai ter uma vida bem mais difícil para chegar a poder-se comparar com a herança que Luís Filipe Menezes lhe deixa.
Podemos até nem gostar dos que fazem política pela política, mas Rui Rio, Luís Filipe Menezes, e muitos outros da mesma época, estão dentro do âmbito do que se pode descrever como "animais da política", pois mexem-se muito bem no "habitat" que os rodeia.
Apesar de tudo, o trabalho de ambos será visto aos nossos olhos por aquilo que deixam, e quer um quer outro, deixam a sua marca numa cidade e na outra.
Espero de Rui Moreira um bom trabalho, até porque é dos que não fazia política pela política, e portanto ainda tem alguma da independência, inocência e romantismo que eu aprecio na cidadania política.
Já de Eduardo Victor Rodrigues, não espero muito, até porque esse sim, veio da política pela política. É que apesar de não ser um animal, como os outros dois, é um político.
Pode ser que me surpreenda. 
E eu gosto muito de ser surpreendido... pela positiva.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Refundação do PPD (Parte I)

Pese embora o “R” ter carácter apartidário e supra-partidário, pauta-se pela elevada consciência política e social dos seus membros, e total apoio à participação política no âmbito dos partidos políticos ou fora deles. 
O ideal comum dos membros do “R” é potenciar uma reformulação e reestruturação do sistema político actual, segundo princípios de responsabilidade e responsabilização dos eleitos.
Atento o momento político que se vive em Portugal, a ressaca eleitoral das eleições autárquicas, a ingerência da troika e correspondente reflexo no programa e políticas do Governo e da eminência do risco social de determinadas franjas da nossa população, impõe-se, para efeitos da presente reflexão, uma análise aprofundada ao PSD.
Em 06 de Maio de 1974, no rescaldo da revolução de Abril, Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão e Joaquim Magalhães Mota, entre outros, fundaram o então PPD. 
Foi entendida a necessidade de criar um partido político que se diferenciasse das alternativas existentes à data, de matriz centro-esquerda, isto é, respeitador dos direitos do cidadão, promovendo e defendendo a democracia política, social e económica do Estado de Direito.
A importância, pertinência e urgência de tais valores, aliadas ao carácter exemplar, probo e combativo dos seus protagonistas, levaram a que a sociedade civil neles se revisse e, sobretudo, neles confiasse para, sucessivamente, a governar.
Hoje, infelizmente, assim não o é. 
A ideologia e militância partidária andam de costas voltadas à sociedade civil. E utilizamos esta ordem e não a inversa, porque entendemos ser dever dos partidos acolherem aos apelos dos que os elegem e, sobretudo, dos que por eles são (des)governados. 
No caso do PSD o exemplo é paradigmático e nem sequer é recente. Não se tratando de um revivalismo, certo é que o apregoar da memória de Sá Carneiro e dos princípios da social democracia, são curtos, insuficientes e, acima de tudo, espúrios e vazios, porquanto se torna cristalino que há muito que, na prática, o próprio partido deles se distanciou. 
Acomodou-se ao epíteto de “partido de direita” e conformou-se com a ideia de alternância política com o outro partido do chamado “centrão”. 
Tornou-se mais importante chegar ao poder do que saber governar; Conseguir o voto do que o merecer; Eleger do que ser eleito; Os líderes e o protagonismo individual do que as ideologias e a força do colectivo; A militância cega, seguidista, caciquista e “moldável” do que o pluralismo de ideias, a prossecução de fins sociais, a defesa de valores.
E, pior, o mal que afecta o PSD é transversal, porque funcional, com reflexos graves, perniciosos e potencialmente irreversíveis, com epicentro nas estruturas locais.
O Porto, por tradição, sempre foi palco de mudanças e convulsões, tendo assumido a voz primeira das necessidades de mudança, lutando contra o poder instalado e personificando soluções e alternativas. Muitas vezes o fez sozinho, mas sempre de uma forma leal, responsável e consciente. 
Atento o momento – e pelas razões explicadas – impõe-se que levante novamente a voz e preconize alternativas, devolvendo o PPD aos seus valores, à sua linha programática e, sobretudo, às suas gentes.

"Qualquer poder numa sociedade moderna, deve ser hoje repartido e multiforme e quaisquer tentativas, e muitas foram feitas no passado em Portugal, para o concentrar, denotam exclusivamente incapacidade para o seu exercício. Aqueles que de facto mais poder queriam ter, sempre foram os menos capazes de o exercer.” 
Francisco de Sá Carneiro


Co-autores*:
Nuno da Costa Nata
Carlos Macedo e Cunha
José Campos e Matos
Carlos Ribeiro
Pedro Salvador
Pedro Reis de Almeida
Luís Mesquita Brito
Francisco Sanches Osório
Carla Manuel Gomes
Nuno Ribeiro
Tiago Oliveira e Silva
Miguel Martins dos Santos
Nelson Pimenta
Antero Filgueiras
Eduardo Patacho
João Miguel Vasconcelos
Miguel Lemos Pereira
Pedro Moreira dos Santos
Nuno Mariano Pego
Carlos José Batalhão
Nelson Lima
Bernardo Cifuentes
Miguel Peixoto
Nuno Trêpa Leite
Paulo Malho Guedes
Fausto Amaral
* Qualquer um dos co-autores figura em nome próprio, isto é, como independente e não como militante.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A Política assim é uma coisa porca e vil - Carlos Reis

"Tenho de me conter muito para não cair na grosseria, no insulto vazio ou incorrer em responsabilidade penal, com esta história dos cortes retroactivos nas pensões de sobrevivência. Com este terrorismo aos viúvos e às viúvas. 
Mas só pessoalizando e dando exemplos concretos poderei enfim dizer algo sobre esta indignidade e esta desvergonha: a minha tia, com 86 anos, recebe uma pensão de sobrevivência por ser viúva do meu tio. 
Com a sua reforma, e essa pensão, tudo junto, não receberá mais do que 700€ mensais, descontados os impostos aumentados e a taxa extraordinária. 
Cerca de 700€ para viver em Lisboa, pagar renda (que este ano lhe foi aumentada com a nova Lei) e todas as suas despesas inerentes a uma vida com dignidade. 
E há muita gente a viver com muito menos ainda. 
Ontem foi aterrorizada com mais uma notícia de corte dos seus rendimentos, sobre a imposição de uma condição de verificação de recursos, assistiu ao ar envergonhado mas trapaceiro com que o Ministro Mota Soares tentou amanhar uma explicação. 
Com ela, mais de 800 mil pensionistas mergulharam ontem na incerteza e na angústia e serão o objecto de polémicas, confirmações e desmentidos, avanços e recuos. 
Para além da imoralidade da coisa - gostava que um democrata-cristão ou um personalista ou um católico social me ajudasse a vislumbrar a moralidade e a decência desta afronta - o que choca mais é ainda a incerteza sobre quem, em que condições, em que prazos, e como, verá cortado o rendimento com que que vive. 

É o atirar assim à cara das pessoas uma enormidade destas. 

A pessoas que estão na última etapa da sua vida. 
Não sei se o Mota Soares, o Paulo Portas, e Pedro Passos Coelho, têm tias, ou avós viúvas: se tiverem oiçam-nas com honestidade. 
A Política assim é uma coisa porca e vil. 
E eu ainda não os tenho como porcos ou vis. 
Enquanto a minha Tia com 86 anos é aterrorizada com mais cortes na sua magra pensão, a Sr.ª Dr.ª Assunção Esteves, reformada milionária desde os 42 anos, presidirá ao Parlamento que lhe aprovará mais uma machadada na vida da minha Tia."
Cit. Carlos Reis

domingo, 6 de outubro de 2013

Paulo Morais - Tertúlia "Manda quem pode"

Paulo Morais - Tertúlia "Manda quem pode" - O Orçamento



Paulo Morais - Tertúlia "Manda quem pode" - Os Deputados



sábado, 5 de outubro de 2013

Porque não se consegue mudar o país!

Negócios da Semana 02-10-2013
A sensação de que - são sempre os mesmos a pagar a crise - tem uma base real: os lobbies continuam bem instalados no nosso país e alguns até estão a ganhar com a situação.
A oposição que está a ser feita pelos grupos de interesses aos cortes combinados com a Troika e, em geral, às reformas estruturais da economia, estão a impedir as reformas de fundo que a Troika exigiu e os portugueses exigem!!!
José Gomes Ferreira em estúdio com: Gustavo Sampaio - Jormalista/ Autor do livro “Os Privilegiados”; Carlos Barbosa – Presidente ACP; Henrique Neto – Empresario.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Reflexão sobre o PPD/PSD

Partilho convosco um pequeno texto/documento que em tempos fiz (Maio de 2008, mas que apesar de tudo mantêm-se muito actual), sobre Portugal e o papel que o meu partido (PPD/PSD) podia e devia ter nesse futuro. Hoje que se discute, mais que nunca na história recente, o futuro de Portugal e dos partidos em democracia, penso que este documento ganhou um interesse maior em ver a luz do dia. Aqui fica para reflexão de quem aprouver...

Estratégia Portugal Futuro

Disrupção para o PPD/PSD e para Portugal
“Abrir os olhos aos militantes e aos Portugueses”

História de Portugal
Portugal inicia a sua história entre antigas nações europeias, cujas origens remontam ao início da Idade Média, e que se tornaram grandes potências durante a Era dos Descobrimentos, dispondo de um vasto Império.
Portugal promoveu a cultura e o empreendedorismo, e deu, na expressão de Camões, “novos mundos ao mundo” ao iniciar a expansão universal da Europa, promovendo o comércio global.
Portugal é uma potência mundial até perder o estatuto e reconhecimento, devido à política dos reis da dinastia filipina (1580-1640), ao Terramoto de 1755, à ocupação durante as Guerras Napoleónicas, e à independência do Brasil em 1822 como colónia.
A partir de 1755, o Marquês de Pombal promove reformas política, económicas e educacionais que revolucionaram o país, criando o conceito de estado que cobra impostos e presta serviços públicos, lançando os primórdios da função pública.
Nunca mais Portugal foi o mesmo, e se a nova Lisboa nasce nesse período e perdura até aos nossos dias, Portugal inicia o processo do centralismo administrativo.
O Séc. XIX é o de disputa entre diversas tendências e teorias político administrativas, que perduraram até à implantação da República, já no Séc. XX.
Foi também o início do fim do Império Ultramarino, com a independência do Brasil.
A revolução de 1910 iria depor o regime monárquico e, após 16 anos de república parlamentar instável, o país foi governado por Salazar (durante 48 anos), período durante o qual Portugal ainda mantém o seu Império Ultramarino (até após o 25 de Abril).

Portugal Hoje
Em 1974, a ala política de esquerda liderou o Revolução dos Cravos, procedendo a grandes reformas, permitindo a independência das colónias africanas, entregando-as aos movimentos de esquerda dessas províncias.
Actualmente, Portugal é um dos membros fundadores da NATO e pertence à União Europeia (incialmente designada por Comunidade Económica Europeia) desde 1986.
Com o 25 de Abril dá-se a última grande reforma política portuguesa com a implantação de um modelo de partidos democráticos, que usam o estado para crescer e se consolidar, através do exercício do poder político.
Partidarizou-se o estado para poderem-se colocar lá os “boys”, atribui-se privilégios de controlo do espaço público, e garantiu-se o monopólio da acção política aos partidos de eleitores em detrimento dos partidos de militantes.
Implementaram-se mecanismos de controlo que tinham uma função “construtiva” no inicio, mas que tem hoje efeitos perversos e geram a crise da representação que vivemos.
Alguns desses mecanismos de controlo – impedimento a listas de independentes para a Assembleia da República, ou aos eleitores de escolherem a ordem de nomes dentro das listas apresentadas – já tiveram o seu tempo e hoje devem ser repensados de modo a permitir maior papel dos eleitores nas formas da sua representação.
Os partidos em geral perderam a confiança da população, perderam a base partidária e eleitoral de apoio e têm cada vez menor influência social, em que o fenómeno da abstenção crescente em eleições é o seu mais evidente reflexo.
Precisam por isso os partidos reformar e modernizar o país, bem como revitalizar a nossa política, têm de voltar a ter Portugal dentro de si, deixando de ser partidos do Portugal do Passado e passar a ser partidos do Portugal do Futuro.

A História do PPD/PSD
O PPD/PSD foi fundado numa sólida formação política, com base na doutrina social da Igreja, no conhecimento da social-democracia europeia ao modo alemão e nórdico, e na experiência portuguesa da “ala liberal” do marcelismo.
Tinha preocupações com os direitos cívicos, com a pobreza e o atraso da sociedade portuguesa, olhava para a Europa comunitária como um modelo.
Os seus militantes na sua maioria, como era típico da elite política de um país pobre e pouco desenvolvido, advogados e juristas, e começou a recrutar as suas “bases” entre os notáveis e “homens bons” locais, entre os pequenos empresários e comerciantes, na altura alguns dos sectores mais dinâmicos de Portugal.
A classificação do PPD/PSD surge como partido dos “self made man”, gente independente do estado, que tomava conta da sua vida e que queria “progredir”.
A estes juntaram-se jovens que nas escolas defrontavam a hegemonia comunista e esquerdista, e que, mais tarde, vão começar a fazer variar a composição profissional do partido, com mais engenheiros, mais economistas, mais médicos.
O PPD/PSD apelou ainda a economistas e gestores e aos “negócios”, crescendo por cima e por baixo, em quadros e experiência, abandonando a precariedade inicial e transformando-se num grande partido nacional, alternando no poder com o PS e começando infelizmente a parecer-se cada vez mais com este.
O PSD deixou de ser PPD, tornando-se cosmopolita, acomodado, burguês, complacente, inactivo, não representativo, dirigista, centralista, caciquista, seguidista e incapaz de se manter fiel aos seus princípios.
Na sua esfera cada vez mais rodaram interesses que destroem a própria essência do ser PPD, levando-nos a questionar se ainda existirá partido durante muito mais tempo.
O PSD está e vai ter enormes dificuldades para voltar à governação (em Maio de 2008) e para manter o papel do partido na vida política portuguesa.
Há que trazer o mérito profissional e social reconhecido de fora para dentro do partido, e deve ser esse o mecanismo fundamental de início das carreiras políticas.
Há que promover uma ruptura com a “vida” que o partido leva e dar um contributo para o debate do futuro do partido.
Há que demarcar-se, não só em termos políticos como ideológicos e na reflexão sobre o partido, do passado recente do PPD/PSD e ir buscar as referências originais do partido.

Estratégia para Futuro
Transformar Portugal e o PPD/PSD, promovendo os valores sociais que presidiram à sua criação.
Promover a responsabilidade do indivíduo na sociedade, identificado com o meio que o rodeia, mas sobretudo na família que é o garante da existência da sociedade.
Promover a seriedade, a integridade e a honestidade pessoal e colectiva como valores absolutos.
Promover a solidariedade inter-social e inter-geracional, a justiça social e económica, a prosperidade e a modernidade.
Apostar novamente na política ao serviço de Portugal e não em Portugal ao serviço da política e dos políticos.
Definir medidas para a renovação do país e metas concretas a que o país se devia propor alcançar.
Recuperar a confiança dos portugueses e o orgulho histórico nacional, dando uma nova esperança aos portugueses, transformando Portugal num «país mais arejado, mais alegre».
Promover as 3 Reformas Fundamentais para Portugal:
- Reforma Político-Administrativa e do Ordenamento do Território (Descentralização Norte/Sul e Interior/Litoral)
- Reforma da Educação para uma sociedade rica no conhecimento e respeito dos indivíduos e da nossa orgulhosa história
- Revolução na Justiça, de forma a tornarmos o país mais competitivo e mais justo
Melhor estado, apostando nas funções de soberania, regulação e fiscalização, criando mais oportunidades para os portugueses.
Diminuir a macro-cefalia da capital, tornando mais competitiva a economia, e promovendo a descentralização dos poderes (governativo, legislativo, jurídico e económico).
Tornar o partido mais aberto à sociedade, promovendo a entrada de sangue-novo (mais militantes) e a participação dos militantes mais activamente na vida do partido.
Tentar também cativar os simpatizantes, através de medidas como a votação para cargos nacionais através de directas abertas a militantes e simpatizantes, e através de primárias na escolha de candidatos para cargos de eleição nacional, autárquica ou europeia, como por exemplo Deputados à Assembleia da República, Presidentes de Câmara e Deputados do Parlamento Europeu.