quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Cada um tem o PM que merece! ;-)

"Mais de 99% dos portugueses nunca votaram nas eleições para escolha dos candidatos a primeiro ministro (diretas do PS ou PSD)”.


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Autarquias e custo de vida III: Lisboa cresce sozinha


NICOLAU DO VALE PAIS

Autarquias e custo de vida III

Lisboa cresce sozinha

A vitória de António Costa em 2007 é histórica. O concelho de Lisboa tem mais de meio milhão de habitantes, que são o centro social e económico de uma Área Metropolitana que é, grosso modo, um terço da população do País: a Grande Área Metropolitana de Lisboa, unida à volta das duas margens do Tejo, conta com 2.8 milhões de habitantes. O candidato do PS vence com 57.000 votos. Beneficia de uma abstenção a rondar uns impossíveis 63%. Pouco passou dos 10% de eleitores inscritos. Claro que em 2009 foi diferente, até porque uma coisa é gerir uma campanha a partir do poder, outra, bem diferente, é a partir da oposição. Um poder formidável, portanto, por um lado atribuído de forma errática e despojada de sentido democrático na verdadeira acepção do termo, e, por outro, nunca contestado, sequer analisado com escrutínio que a seriedade das questões que rondam a vida de tanta gente mereceriam. (*)

Por ocasião das Autárquicas de 2005 - com Costa ainda na esfera de Governante, esfera dentro da qual não se lhe conhece uma única medida que marcasse qualquer diferença em relação a qualquer outro gestor de poder - um bom amigo meu, jornalista munícipe em Lisboa, concluía: "as pessoas do Porto precisam muito mais da Câmara; nós temos cá o Estado". Não voltei, desde então, a pensar da mesma forma a questão da gestão da Capital.

Um Presidente da Câmara de Lisboa pode tudo, pois pouca gente sabe o que quer que seja do que se passa pela Praça do Município, minúscula ela mesma quando comparada à matriz de oferta incessante que a Capital garante, pelos fluxos incomparáveis de gente que o seu quotidiano comporta. E, em boa verdade, por perversão das elementares relações entre cidadãos e poder, muitos dos habitantes das grandes cidades portuguesas já cristalizaram na ideia de abrir os cordões à bolsa para ter "privilégios" que, atendendo às respectivas onerações fiscais e às mais elementares ambições de um país civilizado, deveriam chamar-se "garantias básicas". Assim, a classe média da capital onera-se com condomínios fechados ou alarmes nas portas, porque não há segurança nas ruas; com lugares de garagem a preço de petróleo porque o espaço público (ainda é público?) carece de qualquer integração real; com o uso do automóvel particular porque o planeamento urbano foi feito para engordar taxas de construção dos PDM e os custos de obras faraónicas. Que ora são para tirar carros de Lisboa, como a seguir são para os fazer circular, numa oscilação de estratégias cuja explicação levanta as piores suspeitas.

Terá o Lisboeta capitulado? Não devia - a Câmara Municipal de Lisboa tem um orçamento de quase mil milhões de euros; custa a crer que não se consiga fazer algo com ele. Quando digo algo, não me refiro ao voluntarismo com que António Costa participa no programa "Quadratura do Círculo" onde, granjeando simpatia, vai evitando o escrutínio em relação ao que parece defender sem conseguir executar. Refiro-me, isso sim, a marcar a diferença pelo exercício do poder, e não consentir poucas vergonhas como o perdão fiscal de 3 milhões de euros ao Rock in Rio, capitulando ao pior populismo, o tal que tanto critica como homem de esquerda na televisão. Uma leitura à declaração de intenções vagas que foi o seu programa político sufragado em 2009 explica bem porque têm estas coisas a importância que não deveriam ter na construção de Lisboa.

É fácil manter a paz relativa na Capital, pelo menos por enquanto. Desconheço os números mas conheço as ruas, e não é difícil perceber que há uma imensa maioria no saldo migratório positivo que faz aquela urbe que está ali pelo emprego. E um emprego, como sabemos, vale hoje uma fortuna; mesmo que uma boa parte do ordenado seja para pagar a mais elementar decência dos munícipes. Lisboa cresce sozinha.

PS - sobre as mordomias só possíveis a um autarca em Lisboa, Rui Neves foi aqui muito mais eloquente do que eu próprio me atreveria. A reler "Danças com Corvos" em www.jornaldenegocios.pt/opiniao/visto_por_dentro/rui_neves/detalhe/dancas_com_corvos.html

(*) o primeiro artigo deste tríptico, aqui publicado no dia 4 de Janeiro, versa sobre as vantagens claras e desiguais em termos de reeleição para quem está no poder autárquico.

http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunistas/nicolau_vale_pais/detalhe/autarquias_e_custo_de_vida_iii_lisboa_cresce_sozinha.html

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Volta aos mercados! E o crescimento? E o desemprego?


Voltamos aos mercados. Já nos podemos financiar para ... gastar mais? Não. Sobretudo para pagar as dívidas que estão para trás. Nos próximos dois anos, temos de pagar cerca de 50mil M€ de dívida que vai vingar. Só de divida e juros acumulados, pelos deficits contraídos nos últimos anos do Governo Sócrates (há dois 2 anos atrás estávamos num "oásis de crescimento"), é uma montanha...

Os resultados da ida ao mercado, é que devemos mais 2,5 mil milhões de euros, portanto a dívida continua a aumentar. O Governo e os portugueses em geral, estamos de parabéns porque podemos deixar de depender dos empréstimos da troyka em breve, mas por outro lado foi a troyka que nos obrigou a disciplinar o estado. É de ter medo quando chegar o momento da troyka se afastar. Será que voltaremos a gastar, que nem malucos, e a acumular deficits e aumentar a dívida?

O discurso de querer ver a troyka daqui para fora rapidamente, tem a ver com a nossa soberania. Não dependermos de terceiros. O problema é que enquanto a nossa dívida for maior que o PIB, continuaremos a estar dependentes de terceiros, pois teremos muita dificuldade em pagá-la. Só reduzindo a dívida (que não acontece ainda) ou aumentando muito o PIB (quando é que isso acontecerá?), é que nos tornaremos independentes e soberanos de novo.

Temos de diminuir o deficit primeiro, e gerar superavits depois, para podermos diminuir a divida. O deficit diminui com duas coisas: Crescimento e redução da despesa. Neste momento, como estamos sem financiamento, o foco é fazer o trabalho de casa: reduzir despesa para podermos aceder aos mercados. É o que o governo tem estado a fazer.

Este Governo ficou com um país falido nos braços, tendo de arranjar receita para pagar pensões, reformas, salários, etc, e em 2 anos segundo a oposição, ainda teria que reduzir impostos e cumprir os compromissos assumidos pelos Governos anteriores.

Só que o Estado não pode ser visto nem como solução única, nem como a razão única para o problema. A solução está sobretudo na iniciativa privada, mas o Governo tem de criar condições favoráveis ao investimento privado, e com isso fomentar o crescimento e combater o desemprego... mas isso parece que Vitor Gaspar ou não quer, ou não consegue... parece ser contra natura... ele está habituado a isso... já em 1993 foi o autor do OE de maior recessão dos governos Cavaco... a ver vamos. É que o Governo mesmo sem gastar, pode regulamentar e legislar de forma a criar condições favoráveis, para promover o crescimento das empresas e a criação de novas e mais empresas, para que a economia cresça e o desemprego diminua.

Se o Governo pensar que a única forma de colocar a economia a crescer é gastar mais dinheiro, então devemos ficar mesmo preocupados. O que é assustador, é que quase toda a gente pensa assim, e não vêem os exemplos de quem está, e tem estado a fazer um bom trabalho nessa área. Ver o caso Holandês e mais recentemente o caso Chileno. O Chile sem aumentar a despesa, apenas com criatividade fiscal e com incentivos ao micro-empreendedorismo, redireccionando os dinheiros dos subsídios de desemprego, consegue estar a crescer 6% ao ano... é com os bons exemplos que Portugal devia aprender.

Há que elogiar o que de bom aconteceu, mas há que chamar a atenção do muito que ainda falta fazer. O que ontem se conseguiu foi sobretudo o retomar de alguma soberania. Já não dependermos de terceiros para financiarmos a nossa economia. Os bancos e através deles as empresas, precisam de financiamento para poderem investir, pois sem esse investimento não há crescimento e não se cria emprego. Esse financiamento acontece a partir de hoje.

Convém agora perceber se os bancos passarão a emprestar dinheiro à economia ou se vão continuar a comprar divida pública e se, com o valor da taxa de juro que Portugal paga, as taxas cobradas, pelos bancos à economia, serão menores do que são agora. Para a maioria das empresas, isto é proibitivo, sobretudo para o investimento que muito precisamos. Esperemos que o QREN possa ajudar também, e teremos de aguardar para ver, o que se vai passar neste primeiro trimestre, pois muita coisa vai ficar definida e pode ainda complicar-se tudo com a decisão do Tribunal Constitucional sobre o Orçamento de Estado e com a aprovação ou não da privatização da ANA pelo Eurostat, como medida de consolidação orçamental, contabilizável ou não para a redução do deficit.

É por isso que é também muito preocupante ver tantos comentadores ficarem contentes com este fogacho, e não verem que o deficit continua a aumentar e a dívida também. Temos de ser mais exigentes. Não é por ser da nossa cor partidária ou o oposto, que o podemos/devemos defender ou criticar, respectivamente. O pior ainda está por fazer. Esta parte é apenas o primeiro passo. Faltam tantos...

Há milhares de empresas que vivem ou morrem asfixiadas pela carga de impostos brutais que se pagam em Portugal. Temos um Orçamento do Estado asfixiado com direitos adquiridos e um Estado Social que é intocável. À luz de tudo isto cometem-se vigarices, trafulhices e outras ices (por exemplo ADSE onde os funcionários públicos podem usufruir do privado pago pelos nossos impostos, reformas milionárias, etc). O Governo é criticado por não querer gastar, por querer fechar "torneira", por querer diminuir, quando devia ser elogiado por isso. O deficit continua a aumentar porque o estado continua a não conseguir reduzir-se. São os tais 4 mil M€ que ninguém quer discutir...

Mas temos de nos perguntar... ora se já fizemos tantos sacrifícios, então porque continua a aumentar o deficit? Porque apesar de estarmos a cortar na despesa, a receita que se está a aplicar, também provoca a redução da receita. E como a receita diminuiu vamos ter de cortar mais na despesa. Mas ao cortar na despesa, vamos provocar mais redução da receita, logo o deficit sobe (em valor total e em % do PIB, neste último agravado por o PIB estar a diminuir). E daí que vai ser necessário mais cortes, logo mais redução de receita, logo mais deficit, logo mais cortes, logo mais redução de receita, logo mais deficit, logo mais cortes... e o resto é interminável e por isso se chama "espiral recessiva"!

Fazemos muitas análises emotivas, e pouco racionais. E temos uma dificuldade enorme em ver para lá do que está genericamente definido pelos "opinion makers" instituídos. Uns só vêm o crescimento com o estado a investir. Outros só vem solução com a diminuição do estado. Os portugueses até nisto mostramos que somos pouco de consensos. Ou é 8 ou 80.

Basta ver a dialética sobre este tema entre PS e PSD. É ridículo não verem que há outros caminhos, caminhos intermédios. É cada vez mais notório que nenhum dos caminhos que um e outro partido neste momento apresentam, trás a solução só por si. Somos levados a pensar, que assim não vamos lá. Vamos continuar a dever imenso dinheiro, com uma diferença, vamos ser muito mais pobres e portanto vamos ter muito mais dificuldade em pagar.

Esperemos que esta visão esteja errada, mas a preocupação é muita. O futuro está negro, e não é o fogacho de ontem, de ida aos mercados, que nos deve fazer por si só, ficar optimistas. Foi um golpe de mestre de Vitor Gaspar e uma excelente manobra de propaganda política, que permite começar a inverter a tendência negativa que vinha assolando o governo. A ideia é devolver confiança à economia, fundamental à inversão do ciclo. Um dos indicadores mais importantes, é o da confiança dos empresários... e esse está muito em baixo e pode ser que agora comece a subir...



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Mercados, Dívida, Austeridade, Crescimento


Tudo o que vimos hoje, à volta do tema da ida aos mercados da República Portuguesa para emissão de dívida pública, como é evidente, não é porque o Governo falhasse, é precisamente porque tem cumprido e assegurado o crédito da República.

Tentar fazer acreditar os portugueses do contrário, é no fundo porque se acha que adiar os pagamentos do crédito é o mesmo que adiar datas de cumprimento de metas orçamentais... mas não é!

É certo que ainda falta muito para dizermos que já passamos o cabo das tormentas, mas devemos perceber que o caminho difícil também dá frutos!

Agora só precisamos convencer Gaspar, que é crítico colocar a economia a crescer e já agora o emprego também, para não deitar fora todo o esforço e tudo aquilo que os portugueses tem estado a sofrer, para que se consigam este resultados.

Sim, esta vitória é também dos portugueses e não só do Governo, como alguns comentadores e alguns políticos defenderam hoje! Se lhes é pedido tanto sacrifício, está na hora de lhes dar os parabéns pelo esforço efectuado até aqui... até porque o esforço maior é dos portugueses e não do governo! ;-)

A Corrupção em Portugal

Apresentação de Paulo Morais sobre a promiscuidade entre interesses públicos e privados na origem da corrupção e da crise em Portugal.










domingo, 20 de janeiro de 2013

Eleições Internas Partidárias para Simpatizantes


A democracia capturada


Se os partidos não são capazes nem de basear os seus mecanismos de poder interno no cumprimento da lei, nem de torná-los verdadeiramente pluralistas, não há razão para acreditarmos que, uma vez no governo, serão capazes de o fazer no Estado.

A revista "Sábado" publicou esta semana a enésima reportagem sobre eleições internas num partido. Depois do "gang do multibanco" no PSD, agora o tema foi as federações do PS. Se escrevo enésima é porque é um daqueles assuntos que antes de ser publicado já o era. Podemos antecipar com segurança o que vamos ler: uma mesma história, repleta de episódios de arrebanhamento de votos, de quotas pagas a granel, cadernos eleitorais martelados, tudo culminando em processos de formação de poder que de democrático têm cada vez menos. Não sendo inovadora, a reportagem da "Sábado" é reveladora e talvez a mudança nos partidos dependa da revelação.
As eleições internas dos partidos são um assunto demasiadamente sério para ser deixado apenas aos militantes partidários. Para um estranho à vida partidária, estamos perante temas irrelevantes. Mas não é assim. Uma parte muito significativa dos mecanismos de poder interno assenta nas escolhas que são feitas nas estruturas locais. Ora, como os partidos são uma condição necessária à democracia, em última análise, o poder de quem nos governa está alicerçado nestes atos eleitorais. E o que deles se sabe é pouco edificante.
O tema das quotas é, a este propósito, um excelente observatório: saber como são pagas as quotas diz-nos muito sobre as lógicas de funcionamento das estruturas partidárias. Persiste naturalmente muita militância convicta, desinteressada e que se mobiliza autonomamente; mas, hoje, a militância genuína é facilmente desmobilizada por eleições manipuladas por quem pode pagar quotas a terceiros. Mesmo numa altura em que os estatutos partidários apertaram o cerco a estas formas de caciquismo, no mínimo, elas persistem.
Não há nada de particularmente novo nestes mecanismos de generosidade interessada. Nisso os partidos continuam a funcionar à imagem do liberalismo do final do século XIX e da República do início do século XX. O problema é que, enquanto a democracia portuguesa, no seu conjunto, se afastou significativamente do padrão de "eleições feitas", os partidos continuam a operar num quadro de "apoio comprado" e de "apoio por compensação concreta".
A generosidade dos caciques que pagam quotas produz vários efeitos. Enquanto fecha os partidos à entrada de novos militantes, reproduz lógicas perversas de poder interno. Por um lado, a perpetuação de uma determinada estrutura de poder é mais fácil de sustentar se não existirem novos militantes; por outro, quem paga quotas vence eleições e quem vence eleições passa a ter mais recursos para, depois, pagar mais quotas.
Perante isto, as direções partidárias tendem a defender que o problema existe a um nível local, mas depois as estruturas nacionais vão encontrando formas de compensar estas disfuncionalidades. É isso que explica que as lideranças, quando confrontadas com a questão, reajam com condescendência - ao ponto do líder da federação do Porto afirmar à "Sábado" que "as quotas são um problema individual de cada militante". Infelizmente, não é assim, são um problema coletivo, que mina a democracia na base e que não deve ser tolerado. Se nada mais, porque o sinal dado é claro: se os partidos não são capazes nem de basear os seus mecanismos de poder interno no cumprimento da lei, nem de torná-los verdadeiramente pluralistas, não há razão para acreditarmos que, uma vez no governo, serão capazes de o fazer no Estado.
Texto de Pedro Adão da Silva publicado na edição do Expresso de 11 de dezembro de 2010 
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/a-democracia-capturada=f621251#ixzz2IYr1ll7Bqtom2c

Ministros, BPN, Falência, Nacionalização - Henrique Monteiro



O ex-ministro que pede 53,6 milhões


A história não é simples, mas tento contá-la. Um ex-ministro da Saúde dos governos de Cavaco Silva, de seu nome Arlindo Carvalho (o qual tinha como currículo uma passagem pela rádio pública), tornou-se, após ter saído do Governo num bem-sucedido gestor numa empresa de nome Pousa Flores. Com o apoio do - adivinhem - BPN comprou património e fez negócios, os quais, aliás, passavam pela recompra do BPN de alguns ativos.
Acontece que o BPN, devido às solicitudes por que passou (chamemos assim à vigarice, porque é mais elevado) não comprou os tais ativos. E eis que o ex-ministro, representando a empresa que fez os negócios vem pedir 53,6 milhões de contos ao banco, segundo informa hoje o 'Correio da Manhã'.
Ao mesmo tempo, a Justiça anda a investigar os negócios de Arlindo Carvalho na empresa, que considera ruinosos, sendo que o ex-ministro é arguido no célebre processo BPN.
Como sabem os leitores, 53,6 milhões de euros não é quase nada. É assim uma conta que eu levaria cerca de 800 anos a ganhar com o meu salário atual, que por sua vez é considerado um salário muito elevado em termos fiscais. Mas, claro, não fui ex-ministro nem tive qualquer negócio com o BPN.
E também não tenho conclusões sobre esta história, salvo uma que tirei já há mais de quatro anos, quando nacionalizaram o banco - deviam tê-lo deixado falir. Porque, como já perceberam, acaso o ex-ministro conseguisse valer os seus direitos, seria o dinheiro dos nossos impostos a pagar a coisa.
Por último, uma palavra para os 1,1 mil milhões que o Estado colocou no Banif... Eu sei que neste caso não houve vigarices, mas o princípio geral mantém-se. Enquanto não forem prejudicados aqueles que realizam maus negócios, sendo socializados os seus prejuízos, não há exigência no mercado. Porque mais do que os mercados, que são sempre tão criticados, a culpa é de quem não os deixa funcionar e coloca todo o jogo de um lado.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/o-ex-ministro-que-pede-536-milhoes=f780759#ixzz2IY6uVTjC

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Luz ao fundo do Túnel


Pedro Passos Coelho bem tenta falar numa luz ao fundo do túnel que os portugueses teoricamente já poderiam estar a vislumbrar.
O problema é que os portugueses não são cegos, e da mesma forma que não vêm a dita luz, sentem as injustiças que estão a ser feitas todos os dias, cada vez mais e sempre em cima dos mesmos.
As privatizações, as portagens, o ataque aos FPs, aos RSIs, aos reformados, foi o mandar a malta emigrar, etc... os portugueses são pachorrentos, mas estão a chegar ao limite da paciência.
Mas a questão mais pertinente, é que perante tamanha avalanche de carga fiscal e de cortes no estado, o deficit de 2012 (primeiro orçamento total de Vitor Gaspar) é mais elevado que o de 2011 (último orçamento de Teixeira dos Santos).
Como é que a receita falha desta forma, e Vitor Gaspar diz que o caminho é o certo? É certo que vamos poder ir aos mercados da dívida em breve, mas de que serve isso, quando a economia portuguesa está a ser destruída e milhares de pessoas estão a ir para o desemprego todos os meses? Tempos perigosamente semelhantes aos tempos da "outra senhora". Somos poupadinhos e o país fica ainda mais pobrezinho e a passar fome. É esse o modelo económico que queremos para Portugal?
A insatisfação de tantos portugueses vem de vermos tantos sacrifícios a serem-nos pedidos, sem percebermos para quê, e tantas medidas injustas executadas ao abrigo do conceito abstracto de salvar Portugal do deficit e da dívida (que continuam a aumentar).
Ajudei a equipa do PSD a elaborar algumas medidas na campanha para as eleições. Nunca por lá vi Vitor Gaspar. Nunca o vi no PSD. Não percebo como Passos Coelho segue cegamente todas as medidas que ele propõe.
O PSD tinha medidas que propunham fomentar a criação de emprego por via do micro-empreendedorismo durante todo o mandato. Propunha-se ainda benefícios fiscais para as empresas exportadoras, com objectivo de ter as exportações a crescer entre 10 a 20% ao ano. E muitas outras medidas com impacto no crescimento.
Nos cenários que foram estudados, não havia recessão, e só havia crescimento (as medidas são idênticas às que o Chile implementou, que está a crescer 6% ao ano). E é que eram medidas bem pensadas, que além de fazerem isto, reduziam o deficit.
O que aconteceu entre o período eleitoral e o arranque da governação que destruiu todo o trabalho que o PSD tinha feito antes? Não sei! Mas que agora a maioria dos portugueses não acreditam neste governo e no PSD é uma verdade tão dramática como La Palisseana.
É que o PSD apareceu como esperança de muitos portugueses num futuro melhor, pois perderam toda a confiança no PS, e o dramático é que os portugueses não têm mais para onde olhar, pois o 3 partidos ditos do arco do poder não inspiram confiança, e os de fora do arco, não têm credibilidade para serem uma alternativa de confiança. Por isso, nós estamo-nos a sentir a entrar num túnel, que não tem luz ao fundo.
E isso é um fim para o modelo de democracia em que vivemos.
Ou alguém abre os olhos a tempo, ou isto pode mesmo descambar.
Tenho esperança que as coisas mudem muito em breve e o Governo implemente algumas das medidas que estavam no programa.
A esperança é a última a morrer... antes de iniciarem as convulsões sociais... que alguém acenda a Luz. Não digam nada ao Gaspar, que ele ainda manda apagar a luz para cortar na despesa da electricidade... aliás se calhar é por isso que Passos Coelho diz que já há uma luz ao fundo do túnel mas ninguém a vê. Gaspar mandou apagar para poupar mais um pouco! ;-)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Adesão aos Partidos! Cidadania! Mudança!


Desde que, junto com o João Nogueira Santos, nos lançamos a defender a ideia da Adesão aos Partidos Políticos como forma de promover a Mudança que procuramos através de uma cidadania participativa, estou sempre a ser questionado, sobre como solucionar os problemas da democracia em Portugal.
Eu normalmente devolvo a pergunto à pessoa, e pergunto-lhe se está filiado(a) em algum partido.

A resposta invariavelmente, independentemente da pessoa nunca ter sido ou já alguma vez ter sido, militante de um partido, acaba com uma frase do tipo: "Já estive anos num partido e aquilo é um pesadelo. Só cromos e sabujos sem espinha dorsal".

Habituado que estou a essa argumentação, normalmente hoje respondo sempre, perguntando quantos amigos levou para o partido nessa incursão na militância, dizendo que se tivesse levado muitos, os cromos e os sabujos, já não pareceriam tantos, e que o ambiente só poderia melhorar se muitos que não sejam cromos e sabujos fossem para o partido também.

Na minha experiência partidária há alguns cromos, esses os há em todo o lado, há alguns sabujos também, pois de igual forma se os há por todo lado, não poderiam faltar nos partidos, mas sobretudo há dois tipos de pessoas que identifico: os que vivem de e para o partido, e os que não vivem de e para o partido.

E como os primeiros são mais que os segundos, os primeiros elegem alguém dos seus para líderes, e os segundos ficam a olhar para os cromos e sabujos e vêm-se embora dos partidos...
Temos de mudar isso!

A causa enraizada na nossa sociedade para os problemas que temos e vivemos, é acharmos que a culpa é dos "outros", quando na realidade é nossa, é minha, é tua... todos nós ao longo da história de Portugal, sobretudo nos últimos 3 Séculos, temos contribuído muito para isso.
Então desde que temos República, a diferença de acção entre o que "nós" dizemos que os "outros" devem fazer, e aquilo que "nós" estamos de facto disponíveis para fazer, é abissal.

As pessoas dizem "...E não haver ninguém que pegue nisto com coragem...", pois de facto é mais fácil que "alguém" desde que não o próprio faça alguma coisa para mudar, ou "...somos um Pais de Poetas e Patetas!", mas claro que se referem aos "outros", pois "Eu" que faço a análise, não o sou, obviamente.
Mas a verdade, é que "Eu" sou um pouco isso e muito mais, pois como diz o João Nogueira Santos, os 10% mais instruídos e mais informados da nossa sociedade, teriam a obrigação colectiva, mas sobretudo a obrigação individual (todos, mas sobretudo cada um de nós) de fazermos mais e melhor por Portugal, promovendo a tal mudança que "nós" esperávamos, que pudesse vir dos "outros"!

Façamos "nós" a mudança. Façamos "nós" a Revolução.
A mudança que precisamos é uma "Revolução de Mentalidade", a nossa, a minha, a tua, e só "nós" mudando, conseguiremos mudar os "outros", e aí sim poderemos dizer que não somos aquele povo que não se deixa governar, nem se governa...

Todos temos mais poder do que pensamos, mas acabamos por não usar as ferramentas democráticas que estão ao nosso dispor.
Se formos literalmente correctos na análise, não vivemos numa democracia na pura acepção do termo, vivemos mais numa democracia representativa partidária, também por alguns apelidada (a meu ver bem) de partidocracia.

É no âmago do poder partidário que podemos fazer a diferença. Leiam alguns dos textos que o João Nogueira Santos tem publicado no blog (http://aderevotaintervem.blogspot.pt/) e perceberão o poder que está ao nosso alcance.
Só para vos dar alguns números. Em Portugal a participação nas eleições dos líderes dos principais partidos portugueses, nunca teve mais que 0,5% de participação. Nos EUA por exemplo, cerca de 18% dos americanos votam nas primárias para escolher o candidato de cada partido. Se 1% dos portugueses participassem (o dobro do actual) o escrutínio das pessoas de transparência e carácter, seria feita com muito mais intensidade.

Deixo-vos um pergunta para reflexão. Se mais gente independente de outros interesses, como nós, votasse nas eleições do PSD e do PS, teriam pessoas como Miguel Relvas ou Jorge Coelho (homens da máquina partidária), alguma vez tido o protagonismo que acabaram por ter?
O não estarmos lá nos partidos, repito, no âmago do poder democrático em Portugal, promove um vazio que é aproveitado pelos oportunistas, espertos, aparelhistas, que assim mais facilmente controlam os sindicatos de voto, que normalmente se formam dentro das estruturas partidárias.

Além do mais, os bons, os honestos, os com carácter que lá estão (e são muitos mesmo assim), acabam por se sentir abandonados, por "nós" que somos como eles, e lá podíamos estar para os apoiar... mas não estamos.
Quantos mais portugueses estivermos dentro dos partidos, mais difícil será implementar estratégias de cacique e caça ao voto. Homens como os referidos, teriam muito mais dificuldade em serem considerados como os homens do aparelho.

Bastava 1% para mudar muita coisa, se fossem os 10% anteriormente referidos, Portugal seria um país muito melhor.

Esperança tenho muita, força de vontade, persistência, muita gente que acredita também, e sobretudo paciência para esperar que esta mensagem comece a passar, e se calhar com o tempo teremos uma participação cívica que vai "naturalmente" e sem nenhuma estratégia específica, promover a Revolução e as Mudanças que precisamos.

Até lá, vamos evangelizando as pessoas para a ideia da Cidadania Participativa que pode promover uma verdadeira Democracia.

PS: Adoro o conceito de INVASÃO MASSIVA aos PARTIDOS de CIDADÃOS BEM INTENCIONADOS!
Mesmo!!!
À falta de um vídeo profissional sobre o tema, fiz um vídeo caseiro.
Aqui o deixo para quem quiser ver...