quarta-feira, 22 de maio de 2013

Portugal e a Crise explicado por Dalton, a Raquel e o Martim

Martim Neves e Raquel Varela protagonizaram uma cena de amor/ódio no Prós & Contras desta segunda-feira, que pôs Portugal a falar do empreendedorismo, de trabalho infantil, de salários mínimos e do desemprego, cada parte a defender o ponto de vista de um e de outro.
Já viram que tantos de nós sobre um mesmo momento temos visões tão dispares sobre o mesmo? Que isto é um sintoma de uma sociedade muito dividida e que procura soluções de formas tão dispares para o mesmo problema?
Vivemos nos últimos tempos em extremos de sociedade... estamos a atravessar uma crise de regime, alguns dizem... a verdade é que os portugueses estamos a enfrentar mais uma barreira civilizacional, e que mais uma vez temos dificuldade em ultrapassar, como historicamente tivemos nos últimos séculos da nossa existência como povo.
E fácil é chegar à conclusão desde logo, que tudo terá a ver com um problema genético dos portugueses: é que somos daltônicos! ;-)
Para nós, tudo é branco ou preto, é escuro ou claro, tons de cinzento vemos poucos, só gostamos do 8 ou do 80. O meu clube é o melhor do mundo e são todos santos, o clube dos outros são todos ladrões e não jogam nada. O meu partido é bom, cheio de gente séria e honesta, o partido dos outros é mau, não tem gente séria e são todos uns ladrões que promovem a corrupção.
No entanto todos sabemos que isto não é verdade. Há gente séria por todo o lado, e também há gente corrupta em cada esquina. E também os há que são mais ou menos sérios, ou que são mais ou menos corruptíveis.
E essa é a grande diferença, é a da visão das coisas, desfocada pelo daltonismo congénito português.
Voltando à Raquel e ao Martim, veja-se que o trabalho infantil numa sociedade moderna não deve ser aceite de forma alguma. Veja-se também que num país civilizado os miúdos com 16 anos estudam, viajam e divertem-se. Veja-se por outro lado, que um miúdo com 16 anos que é empreendedor, deve ser acarinhado, apoiado e apresentado como exemplo de dinamismo que a sociedade como um todo devia ter. Veja-se ainda que os salários mínimos em Portugal (membro da UE dos 12 desde 1985) continuam muito baixos quando comparados com os outros 11. Veja-se que é melhor ter emprego que estar desempregado. Mas sobretudo veja-se, perceba-se, entenda-se que a posição de uns e de outros, que defendem um ponto de vista ou outro, não pode nem deve ser vista como uma posição absoluta, acima das críticas e reparos dos outros. Afinal as posições de uns e de outros, apesar de defensáveis, não são assim tão diferentes... dependem apenas da forma como vemos as coisas... e não as vemos como elas são, mas sim como nós entendemos que elas são.
Por isso, não caiamos na crítica fácil e no apontar de dedo aos outros, pois o mais provável é que além de sermos daltônicos seremos vesgos, e apontamos para o local errado. Vai dai que muitas vezes pensamos que aquilo é amor, mas rapidamente passa a ódio.
Procuremos soluções mais consensuais, procuremos focar-nos na objectividade dos factos, e procuremos "ver" as coisas de todos os pontos de vista, para além do nosso.
Talvez assim possamos contribuir para um Portugal melhor...

Protesto contra a Troika no Parlamento Europeu

Como podem ver, deputados europeus manifestam-se em pleno Parlamento Europeu, contra a Troika, usando como palavra de ordem a expressão "Hands off", que em português quer dizer algo como tirem as mãos de cima, de Chipre, Portugal, Grécia, Espanha, Irlanda.

A revolta contra a austeridade já chegou ao Parlamento Europeu. Estes deputados na sua maioria são de esquerda. A mensagem é interessante e começa a ganhar força em vários países da União, e mesmo a Alemanha (eleições à porta) começa a colocar pressão na Comissão Europeia, para evitar que austeridade a mais, mate a economia Europeia.

A Alemanha no primeiro trimestre de 2013 cresceu apenas 0,1%, ficando abaixo das expectativas da generalidade dos analistas, que se dedicam a prever estes dados...

Engraçado é que em Portugal a comunicação social nem tenha falado disto. Porque será? Percebe-se? Resta-nos passar a palavra nas redes sociais e por email. É que se faz aqui... ;-)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Somos Portugueses... Somos Latinos!


Já escrevi sobre isto antes, mas já repararam que estamos como estamos, por causa de UM problema?!
Vamos na rua, ou a tomar café, ou a jantar com a família, ou numa patuscada com amigos, e todos sabemos a causa da situação em que vivemos: "O problema é que...". Já ouviram este início de frase, com certeza, muita vezes.
Isto é latino, e por via disso, é português... é genético, e não há nada a fazer... ou haverá?
Em cima disto, todos sabemos que a culpa é "daquele" ou "daquele outro que é um ladrão", e uns são bons, outros são maus!
Normalmente os "meus" são todos "bons", todos uns "santos", nunca roubaram e são incorruptíveis. Depois há os "outros", que para além de serem "maus", são todos uns "ladrões", "corruptos" e nunca fizeram nada de bom por Portugal.
Para receber este tipo de adjectivos, basta ser da cor partidária oposta ou do clube contrário.
Sim, porque isto aplica-se também ao futebol. Se és do Benfica, o Pinto da Costa e a sua laia são uns ladrões, enquanto Luís Filipe Vieira e seus acólitos são tão santos que deviam estar em Fátima e nem se percebe bem porque ainda não estão. Se és do Porto, a história é exactamente ao contrário...
Isto tem tanto de inteligente, como nós sermos um país nórdico! ;-)
A verdade é que sermos latinos dá-nos muitas coisas boas, mas dá-nos muitas coisas más também.
Para sabermos diferenciar o que está bem ou mal, é relativamente simples. Mas para percebermos as coisas a fundo, não nos podemos limitar a fazer análises superficiais, de ver se a coisa é preta ou branca, se é 8 ou 80, se é bom ou mau!
Dá muito trabalho sermos analíticos em profundidade é verdade, e temos de ser organizados na análise que fazemos, e sobretudo para bem da nossa consciência, devemos procurar ser o mais isentos possível. Se não o fizermos, a nossa análise pecará sempre por ser superficial, parcial e pouco útil à sociedade.
Temos a obrigação histórica para nosso bem, e de quem cá vai ficar depois de nós (os nossos filhos), de sermos mais profundos, sermos mais profícuos, sermos mais analíticos, no que concerne aos problemas de Portugal, no momento difícil que atravessamos.
Se não o fizermos, vamos continuar a alimentar o vazio de ideias e soluções, que nos temos habituado a conviver com, na nossa sociedade.
Temos também de ser menos egocêntricos, e procurar soluções conjuntas em ver de nos vermos como o D. Sebastião de Portugal.
As soluções estão em nós, em todos nós e não apenas num, e sem o envolvimento de todos nesta necessária objectividade, vamos continuar todos a ser treinadores de bancada, e a não fazer nada para ajudar a encontrar as soluções que Portugal tanto precisa.
Vamos continuar a ser apenas portugueses... e latinos... geneticamente falando, claro está! ;-)

domingo, 5 de maio de 2013

Passos, Gaspar, Governo, 2 Anos, PSD

Primeiro dizer que reconheço a necessidade imperiosa e absoluta da redução de deficit e da dívida portuguesa. Esse deve ser o primeiro objectivo de qualquer governo de portugal, durante a próxima década. Parte do que tem vindo a ser feito e defendido por este governo é fundamental para o nosso futuro como país. E por isso as medidas apresentadas ontem, podiam e deviam ter sido apresentadas, há 2 anos quando o governo tomou posse.

Há 2 anos atrás Passos Coelho teria muito mais força e capacidade de fazer passar as medidas que agora preconiza. No entanto durante 2 anos, o Governo não apresentou medidas que promovam o crescimento (é possível negociar medidas de crescimento com a UE, sem aumentar a despesa, reforço esta ideia), e combatam o impacto das medidas de austeridade. É mau para ele e para Gaspar, pois porque ao não o fazerem, falharam as previsões todas e constantemente. É mau para nós que deixamos de acreditar nestes dois, e vivemos na pior recessão de que há memória. E é também mau para nós, pois mais fácil é discursos populistas e fáceis como o de Soares, Sócrates e recentemente de Seguro e os já habituais do PCP e BE, ganharem maior adesão nos portugueses.

Há mais de 3 milhões de portugueses a viver em condições muito abaixo do aceitável. Há mais 6 milhões que vivem remediados, uns muito, outros mais à vontade. Isto para um país com 10 milhões de habitantes, é péssimo para o seu povo e por força de vivermos em democracia, é péssimo para o seu governo.
Na Islândia os partidos que provocaram e alimentaram a "desgraça" neo-liberal que levou à insolvência do país voltou ao governo passado 3 anos. Os Islandeses esqueceram-se provavelmente do que os levou ao pedido de ajuda externa ou não.

PPD/PSD e CDS/PP vão a eleições no máximo daqui a 2 anos, e os portugueses vão dar a vitória, provavelmente com maioria, ao PS. Os portugueses esqueceram-se de quem os levou lá? Não! Mas vão se lembrar de quem os empurra para o precipício todos os dias, e Gaspar e Passos Coelho, ou perderam total noção da realidade, ou não têm sensibilidade nenhuma do que estão a fazer a Portugal e aos portugueses.
E ao contrário do que diz o ditado, os portugueses vergam, mas não partem, e a paciência tem limites. E os portugueses estão a chegar ao limite. Só falta um click, e vamos ter problemas bem mais sérios em Portugal do que na Grécia.

Infelizmente esta geração e grupo de políticos que nos governa, não têm experiência nenhuma de vida (excepto daquela vida que gravita à volta da vida partidária que eu nem quero adjectivar), nunca passaram um mês sem emprego, nunca tiveram ninguém com necessidades, não têm família nem amigos (porque a vida política não lhes permite) e por isso vivem alienados da realidade, e acham que tudo isto lhes pode ser perdoado e que podem passar incólumes a tudo isto.

A verdade é que quem como eu apoiou Passos Coelho para Primeiro Ministro, sabe agora aquilo que na altura temia, que ele não tinha perfil para ser Primeiro Ministro de um povo como o português, e que tivemos razão quando não o apoiamos nas eleições internas do PSD.

A solução pode passar por uma alternativa nascida no interior do PSD. Vamos aguardar para ver. Há muita gente a mexer-se nesse sentido...