quinta-feira, 3 de maio de 2012

O caso BPN é um caso de corrupção com políticos



O Diário de Notícias de hoje inicia uma série de artigos de fundo sobre o caso BPN. A iniciativa muito meritória do diário foca hoje vários aspectos importantes do caso, assumindo relevo os seguintes:

Há nitidamente um caso BPN antes e após nacionalização. Antes, o BPN era um "caso de polícia" como alguns declinaram logo.
No domínio da gestão de Oliveira e Costa ( preso em casa com pulseira electrónica) o "buraco" era da ordem dos 1,8 mil milhões de euros. Actualmente, o DN estima que pode chegar aos 8,3 mil milhões.

Antes, segundo Miguel Cadilhe, a gestão de Oliveira e Costa, provocou prejuízos que teriam solução se o BdP, dirigido então por Vítor Constâncio, tivesse apoiado o plano de reestruturação. Não apoiou e contribuiu activamente para a nacionalização ocorrida em Novembro de 2008.
Segundo justificação da época essa intervenção do Estado, decidida por José Sócrates, Teixeira dos Santos e com o apoio de Vítor Constâncio, deveu-se ao perigo de "risco sistémico", ou seja ao efeito de contágio aos demais bancos, com o fantasma de um prejuízo gigantesco de 20 mil milhões de euros...

Na altura esse perigo de contágio foi assumido como um risco económico. Miguel Cadilhe é peremptório em afirmar que a decisão foi apenas política e o tal risco sistémico um pretexto para a justificar. Na altura, os economistas já sabiam que a queda do BPN não provocaria tal efeito por uma simples motivo: o banco não tinha outros bancos como credores, porque "era um banco pequeno e já era conhecido por não ser de confiança" ( Soares de Pinho). Para além disso, a sua quota de mercado era na altura de 2%. Noutros países faliram bancos que tinham quotas de mercado mais importantes e tal não accaretou qualquer colapso sistémico.

Para um professor de Economia como Teixeira dos Santos, a menos que seja um perfeito imbecil, no que não se aposta, ou para um Vítor Constâncio relativamente a quem a aposta é muito mais baixa, apesar da aura de génio que o rodeou neste Portugal saído de Abril, esse risco sistémico não poderia ser razoavelmente ponderado. Os custos que adviriam da nacionalização demonstraram o estupendo erro desses dois indivíduos mais o decisor político de topo, José Sócrates, emigrado actualmente em Paris, a gozar rendimentos.

Porque terão decidido como decidiram? É um mistério. Por isso, para elucidar mistérios, temos sempre os velhos instrumentos da dedução, indução e abdução. Sem processos intencionais, são os factos que os tramam.

Um antigo deputado do PS já disse no outro dia na televisão que não foi qualquer risco sistémico que justificou verdadeiramente a nacionalização do BPN. Foi outra coisa: os interesses de accionistas e depositantes.
Vejamos: a quem se dobrariam aqueles decisores, perante agradar a gregos ou a troianos? Quanto a mim, abductivamente, a certos depositantes.

Quem são eles? Vários e o DN nomeia alguns: o maior era uma empresa, Pousa Flores, de um tal Arlindo de Carvalho, ministro de Cavaco e de um tal José Neto, do PS. Os negócios ruinosos com várias empresas afundaram a conta no BPN.
Depois, um tal Emídio Catum e Fernando Fantasia, empresários envolvidos em negociatas no caso do futuro aeroporto de Alcochete. 53 milhões é a cratera destes dois génios dos negócios.

A seguir, um tal Al Assir, um libanês amigo de Dias Loureiro, e que obtivera empréstimos do banco sem garantias especiais. De amigo, portanto. 30 milhões de euros é o buraco do Assir.

Logo a seguir vem um indivíduo curioso que no outro dia foi citado no julgamento do Freeport, o arquitecto Capinha Lopes. Também é accionista da SLN, o arquitecto faraminoso do Freeport e em relação ao qual José Sócrates terá dito que era o arquitecto certo para o empreendimento certíssimo. 8,3, milhões sem qualquer garantia, porque pelos vistos também era para amigos.

Um tal Luis Filipe Vieira, presidente de um clube de Lisboa também conseguiu sacar umas massas do BPN: uns míseros 20 milhões, em conta caucionada para investimento no fundo Real Estate, em parceria com o BPN.

Quanto a Dias Loureiro que partia e repartia, a melhor parte dele terá sido entre 10 a 30 milhões. Dá para viver. Até em Paris...

O jornalista desportivo João Marcelino , cujo mérito nesta iniciativa é inquestionável, louvável e único, titula o seu escrito sobre o assunto: "A promiscuidade e, claro, o roubo".

É preciso ver muito bem quem foram os verdadeiros ladrões. Não são, segundo julgo, aqueles que têm sido apontados...e se já há alguém no DIAP a fazer raciocínios elípticos sobre fenómenos de corrupção no caso do espião do SIED, então aqui, neste caso vai ser preciso menos que isso: basta atentar nos factos conhecidos e nas pessoas envolvidas.

O Diário de Notícias com esta infografia que segue pretende fazer o mesmo que o Expresso com o caso dos espiões: mostrar o argueiro do problema sem atender à trave que agora afinal levantou. Nesta infografia faltam algumas caras: precisamente aquelas apontadas, de José Sócrates, Vítor Constâncio e Teixeira dos Santos. Os maus desta fita não são apenas os do PSD...e como diz Paulo Soares Pinho no artigo, "toda a gente fala do buraco do BPN, mas estamos a falar até agora de perdas inferiores ao buraco da CGD." Quem é que esteve na CGD para cavar este buracão? Disse Catroga: foram "O Vara e o Bandeira, que abandalharam aquilo tudo"...e afinal quem é que nomeou "o Vara e o Bandeira"? Pois foi e toda a gente sabe: foi o emigrado de Paris, José Sócrates. Não se esqueçam dele que ele não se esquecerá de vós...

Mais ainda: quem é que nomeou o tal Bandeira para administrar o BPN depois da nacionalização e em "part-time" com a gestão da CGD? Pois foi e toda a gente sabe: foi o emigrado de Paris, José Sócrates. Não se esqueçam...

Afinal, passar de um buraco de nem sequer dois mil milhões para um de mais de oito mil milhões é obra que deixa marcas. Mesmo para um jornalista desportivo são muitos penalties sem assinalar... e o D.N, tem muita dificuldade em assinalar penalidades destas. 

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