sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Agradar a Gregos e a Troianos



Agradar a Gregos e a Troianos não é tarefa simples, no caso de ser possível. É uma expressão usada sempre que uma decisão ou ação pende mais para um lado do do que outro dos atingidos ou alvo desta.
Agora agradar aos Alemães e principalmente aos que não se limitam a governar a Alemanha mas grande parte da zona Euro parece ser uma tarefa da qual o Ministro Vítor Gaspar se sai muito bem, isto a ter em conta as palavras simpáticas proferidas nesta semana pelo congénere Alemão e pela Chanceler Angela Merkel.

A receita parece ser simples; pagar o mais rapidamente possível a dívida contraída aos credores.
Muito bem, "A César o que é de César"; devemos por vários motivos cumprir a nossa palavra e os nossos compromissos, contudo isto levanta duas.perguntas A primeira, como foi possível gerar uma dívida tão grande e a segunda questão está relacionada com a "palavra" dada ou seja como foram negociados os empréstimos da Troika.
Arrepiando caminho, e falando nas soluções encontradas por este governo e pelo ministro das Finanças vou caracterizar estas, simpaticamente, de trapalhonas, ineficazes e insensíveis. As soluções para encher os cofres do Estado para depois os esvaziar têm uma enorme incidência na classe média, nos trabalhores do estado (que afirmam serem em demasiado número mas que durante décadas serviram como forma de pagamento de favores e de compra de votos, mecanismo usada pelos partidos da maioria de uma forma indiscriminada) e na atividade económica.

Solução simples, rápida e indolor para os protegidos de um sistema que estes últimos usurparam sem oposição nas últimas décadas. Ou seja, como os mecanismos garante da Democracia se limitaram a estar presentes nos densos livros da nossa Constituição, os responsáveis pelo estado do País saem uma vez mais beneficiados por estarem acima dos sacrifícios, ora por terem enormes  fortunas, pensões vitalícias ou cargos nas empresas privadas que anteriormente beneficiaram quando legislavam.
Enquanto isso, a população é sobrecarregada com impostos e mais impostos, nalguns casos dupla e tripla tributação, agravando os modos de vida de uma grande parte da população Portuguesa.
Come e cala, ou melhor paga e cala, ficando no ar o sentido de injustiça que é justificado pelos políticos com o facto de termos vivido acima das nossas possibilidades durante as duas últimas décadas. Na verdade quem vive e viveu acima das possibilidades foi o Estado, sobretudo este com obras megalómanas, com participação Publico-Privada, com grandes benefícios para esta última,  tendo como a Mãe de todas as Mães o Centro Cultural de Belém.

Com 2013 quase a chegar, o cenário é de um negrume intenso e pesado, levando uma parte dos Portugueses a um novo êxodo, este porventura com consequências mais graves que outras no passado. Por um lado a geração com mais escolaridade e educação que o país algum dia teve abandona este, e grande parte destes saem para não mais voltar. Acontece também que ao contrário de no passado, estes novos emigrantes não estão interessados em enviar para cá divisas pois como anteriormente referi não querem fazer cá vida num futuro próximo nem construir a casa ao estilo Avec.

Ao olhos do nossos credores estes factos são indiferentes, e também não tem que ser propriamente preocupação deles. O seu maior interesse é tirar vantagens do seu investimento, que visto de uma forma unicamente financeira é completamente legítimo.
Mas aos olhos de quem hoje pratica, manda e desmanda, anuncia e aplica mais medidas todas elas de austeridade, o Estado do País, dos seus habitantes, do seu potencial vivo e ativo de mudança e de geração de riqueza devia ser tido em consideração.
As medidas não são justas.

Podemos agradar aos Alemães, mas não agradamos aos Portugueses.


Carlos Ribeiro

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