Antes de mais, dizer que fui um
apoiante de Pedro Passos Coelho a primeiro-ministro, e sou um defensor de muito
do que tem vindo a fazer.
Até por isso me sinto na
necessidade de reforçar algo que já disse por diversas vezes, e que me parece
ser o ponto mais negativo da actual governação: a Política Económica deste
governo parece não ter estratégia.
Este governo adoptou, a meu ver
bem, uma estratégia clara de diminuição do peso do estado (um verdadeiro
elefante) como forma de reduzir a despesa, e tornando o estado mais leve, dar
espaço ao sector privado, para que este cresça e se fortaleça.
As reformas estruturais
concretizadas elevaram as possibilidades de crescimento económico do país.
O problema é que ao fazê-lo nesta
altura, em que não há financiamento bancário à actividade empresarial e em que
não há liquidez na economia, o sector privado só com muita dificuldade consegue
crescer.
Muitos são os casos das empresas
que têm as suas encomendas a aumentar, e que querem exportar mais, mas que não
o conseguem fazer pois não tem capacidade de tesouraria para investir mais, até
porque o estado para promover a consolidação actual, fá-lo também com o aumento
da carga fiscal sobre a economia.
É perante este quadro negro, que
as variáveis de contexto económico são críticas na promoção da actividade
económica, através do investimento e o crescimento da mesma.
É por isso que não se pode mudar
as regras fiscais, o enquadramento jurídico, a programação económica e as
actividades económicas, sem a devida estratégia e sobretudo sem o devido
planeamento atempado.
O exemplo da Tolerância de Ponto
neste Carnaval, é o oposto do que os empresários portugueses e estrangeiros que
querem investir em Portugal, ou fazer crescer a sua actividade económica,
procuram ver do governo.
Decidir acabar com a tradicional
tolerância de ponto é tão importante, como a atempada comunicação da mesma.
A decisão ou era devidamente
preparada e atempadamente comunicada, no âmbito do restante programa de redução
de feriados e tolerâncias de ponto, ou o efeito que pretende ter é praticamente
anulado, e os efeitos negativos são maiores do que os benefícios resultantes da
medida.
O que aconteceu foi que o país
parou na mesma, as ruas estavam sem trânsito de manhã cedo, as repartições
estavam vazias, os tribunais não tiveram audiências, os hospitais não fizeram
cirurgias, o Ministro da Economia teve de vir explicar tudo isto ao abrigo dos
contratos colectivos de trabalho, e o mais grave de tudo, grande parte da
actividade económica resultante do Carnaval foi destruída, e isso é
inadmissível numa altura em que o país precisa de fazer crescer a actividade
económica.
Acredito que a culpa desta
decisão num tempo totalmente errado, tenha sido partilhada pelos vários assessores
do Primeiro-ministro e do Ministro da Economia.
Foram por certo bem intencionados
nas razões que apresentaram e discutiram aquando da tomada de decisão, mas foi
um exemplo claro da falta de Planeamento e Estratégia da Política Económica
deste governo.
Isto não pode acontecer, os
empresários e as actividades económicas, não podem estar dependentes de decisões "em cima
do joelho", a destempo, sem pensar de forma planeada nas consequências
das mesmas.
A continuar assim, estaremos em
maus lençóis para o futuro. O facto dos números do desemprego chegarem ao nível
a que chegaram no princípio de 2012, ultrapassando já as estimativas do governo
para o final de 2012, mostram que o abrandamento da actividade económica é
maior já do que as previsões, e a continuar assim os números do deficit não vão
ser cumpridos não pelo lado da consolidação, mas pela contracção ainda maior da
economia.
Há formas de dinamizar a economia
sem aumentar a despesa, promovendo até um aumento da receita fiscal e a redução
do deficit, promovendo o crescimento da economia e o aumento do emprego.
Sr. Primeiro-ministro diga aos
seus assessores para estudarem melhor as propostas que lhes fazem chegar, e
diga-lhes para o fazerem o quanto antes.
O tempo não anda para trás, e se
não quer ver a sua vida, e a do seu país também, a andarem para trás, está na
hora do Primeiro Ministro e do Governo, definirem uma Estratégia e o Planeamento
para a Política Económica do país.
Já mandou os portugueses emigrarem,
mas olhe que os empresários têm mais facilidade que a generalidade dos
portugueses para o fazerem, por isso não estranhe que muitos de nós o façamos, e
cada vez mais de nós.
Em suma, Sr. Primeiro-ministro, a
sua Tolerância de Ponto acabou. Comece lá a trabalhar para pôr o país a
crescer. Nós, os empresários portugueses já lhe demos a tolerância que merecia,
e ela agora acabou, juntamente com a paciência. Depois não venha dizer que nada
pode fazer para evitar que os empresários portugueses mudem para a Holanda.
E pode começar por aí. Mande os
seus assessores estudarem os exemplos da Holanda e da Catalunha... vale bem a
pena!
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