Eleições Primárias nos Partidos Políticos Portugueses
Do clientelismo da Partidocracia à Democracia Participada
A designação dos candidatos a
eleições e para os cargos públicos é, muitas vezes, feita em “circuito
fechado”, entre círculos restritos, sem a participação dos militantes e dos
cidadãos.
Esta é uma das principais causas
da descredibilização da política e dos políticos, do afastamento dos cidadãos e
do enfraquecimento das candidaturas.
Por isso, é comum, em diversos
Países, o recurso a eleições primárias para escolha dos candidatos às disputas
eleitorais.
As eleições primárias servem
assim para refundar a ligação dos partidos aos militantes e aos cidadãos.
Ainda recentemente em França, e pela
primeira vez, o candidato à Presidência do PS Francês, foi escolhido através de
directas abertas a todos os cidadãos.
Num partido com apenas 150.000
militantes, participaram nesta eleições do PS Francês mais de 2,5 Milhões de
Franceses, que para votar tiveram apenas de pagar €1 e afirmar que subscreviam
os valores da Republica e do PS.
As primárias foram um sucesso, e
constituem um marco de mudança na forma como este partido se relaciona com os
cidadãos.
Este debate começa agora a ganhar
força em Portugal, e o PSD e o PS não o podem evitar.
Ainda esta semana vieram a lume
notícias muito interessantes sobre a mudança dos estatutos do maior partido do
actual governo.
O Conselho Nacional do PSD decidiu
apresentar ao próximo Congresso, uma proposta de alteração dos estatutos no
sentido de consagrar o princípio das eleições primárias para a escolha de
candidatos a Deputados e a Presidentes de Câmara.
A confirmar será uma excelente
notícia para quem como nós tem defendido esta ideia, que finalmente começa a
ser bem recebida dentro dos partidos do arco do poder, e para a Democracia Portuguesa.
Claro que haverá muitos
detractores desta ideia, criticando as eleições primárias, e acusando-a de ser
uma medida que promove a cultura do populismo.
Marques Mendes foi o primeiro a
desenvolver esse racional e iniciar o ataque a esta ideia, provavelmente porque
espera poder manter a sua "coutada" e não perder a influência que
ainda tem.
Esperemos que Pedro Passos Coelho
e o PSD não vão atrás desta conversa.
O ataque a esta excelente ideia
da actual direcção do PSD, por parte de quem se quer manter agarrado a alguma
coisa, está a começar, e não vai parar por aqui, por certo.
A instituição de directas ou de
primárias, com a participação dos simpatizantes do PSD, para a escolha dos
candidatos do partido a eleições externas, como as legislativas ou autárquicas,
torna mais madura a nossa democracia.
Fonseca Ferreira do PS tem vindo
a dizer o mesmo, reforçando aquilo que já Francisco Assis no passado tinha
defendido.
O afastamento da vida partidária
dos cidadãos em geral e dos jovens, em particular, é uma realidade muito
preocupante para o presente e o futuro da democracia.
Algumas práticas “fechadas”,
meramente gestionárias e clientelares, aliadas à ausência de reflexão e de
intervenção relativamente aos problemas quotidianos das pessoas, penalizam e
descredibilizam os partidos, na sua globalidade.
Bem hajam estas mudanças que se
começam a sentir nos dois principais partidos do país e bem hajam todos os que
têm lutado para que isto aconteça.
Bem haja Pedro Passos Coelho por
ter tido a coragem de manter aquilo que tinha prometido nas eleições para líder
do PSD.
As eleições primárias propiciam
um debate de ideias e propostas de suporte às candidaturas aprofundado, a possibilidade
de escolha dos mais qualificados para o desempenho das funções políticas, a
participação e mobilização de militantes e simpatizantes para as missões
fundamentais da vida pública e partidária, e a melhoria da imagem junto da
população pelo acréscimo do sentido de responsabilidade associado a esta
prática.
Agora está nas nossas mãos
sabermos valorizar estas oportunidades e aumentar a participação cívica dos
portugueses, na definição do que queremos para o nosso futuro em sociedade.
Assim teremos uma democracia mais
participada, um sistema político mais aberto, com deputados e autarcas mais
escrutinados, e por via disso com mais legitimidade.
No momento que vivemos, a escolha
dos candidatos através de eleições primárias constituirá uma inovação
fundamental para o reforço da relação de confiança dos Portugueses no sistema
político e um poderoso instrumento de ligação dos partidos à sociedade e aos
eleitores potenciais de cada partido.
É melhor para Portugal, para os
portugueses e até para os políticos, pois sentirão mais legitimidade no
exercício da actividade política.
Quando ontem dizia que agora está nas nossas mãos sabermos valorizar estas oportunidades e aumentar a participação cívica dos portugueses, na definição do que queremos para o nosso futuro em sociedade, eis um bom exemplo.
ResponderEliminarDar a nossa opinião numa sondagem destas pode mostrar bem o que queremos.
Vale a pena dar a nossa opinião!
http://portuscale.blog.pt/2012/02/28/qual-a-sua-opiniao-sobre-as-eleicoes-primarias-nos-partidos-para-escolher-os-candidatos-as-camaras/