No âmbito do que tenho vindo a preconizar como necessidade de Aderirmos e Participarmos como cidadãos activos, na busca de um Pais melhor, não posso deixar de admitir que há muito a fazer, e que vamos ter muito trabalho, se queremos mudar de facto as coisas.
Mas sem a nossa presença nos partidos políticos, os portugueses estamos a demitirmo-nos da nossa responsabilidade de escrutinar as políticas e as pessoas que as conduzem, em cada um dos partidos do sistema político português.
Se dizemos que o país está órfão de portugueses cívica e politicamente activos, é exactamente porque sentimos que os partidos se encheram de profissionais de política e esvaziaram-se de cidadãos políticos, profissionais de outras áreas.
E no âmbito desse escrutínio, um dos aspectos mais importantes é tomarmos posição relativamente aos temas mais importantes das políticas da nossa região e do país, bem como sobre as pessoas que se candidatam a lugares como sejam o de Presidente de Câmara ou Deputado.
Nesse sentido e porque é a região onde nasci e vivi, venho por este meio fazer passar a minha opinião, que ao contrário de muitos, não vejo porque razão não poderá Luís Filipe Menezes candidatar-se a Presidente da Câmara do Porto.
Primeiro, porque a lei de limitação de mandatos não é clara, e enquanto não for clarificada, não deve ser coertada a ninguém, repito a ninguém, a possibilidade de exercer os seus direitos de cidadania, e entre eles inclui-se o de se candidatar de novo, noutra câmara.
Segundo, porque parece que para além desse pecado, ter sido Presidente e ainda por cima bem sucedido de uma das Câmaras mais importantes do país, dizem alguns que foi uma escolha imposta pelas lideranças do partido.
Não entendo, pois pelo que sei (não estive presente mas informei-me) a opção de Luís Filipe Menezes a candidato à CM Porto, foi sufragada pela maioria dos militantes presentes num plenário com o fim de se discutir o candidato do PSD ao cargo. Dá-me a sensação que há muita gente que gostaria de ser candidato, ou que tem o seu próprio candidato, e por isso procura as melhores razões para derrotar Luís Filipe Menezes ainda antes de eleições.
É típico em Portugal. Já se destitui uma Assembleia da República mandatada pelo voto popular em eleições realizadas dois anos antes, por um capricho do Presidente da República, já se cantou vitória a partidos que acabaram por perder eleições, já se fez muita coisa em cima desta ainda imatura democracia, por isso a mim isto não me estranha.
A mim de facto dá-me igual, tudo isto é politiquice interna do PSD e geral da cidade invicta e tipicamente portuguesa. Pois o que sinto é que durante os anos em que Luís Filipe Menezes foi Presidente da Câmara de Gaia fez um excelente trabalho. Tornou aquilo que era um retalho de aldeias, sem saneamento básico, com uma costa litoral sub-aproveitada, aldeias ligadas apenas por umas ruelas e uma avenida central, numa cidade do Século XXI.
Concluiu o saneamento básico, tornou Gaia numa das cidades balneares com mais bandeiras azuis do país, alargou as vias, transformou o caos de ruínhas e ruelas, em ruas e avenidas com boa apresentação para quem a visita, dinamizou a zona ribeirinha, apostou no Turismo, na Cultura, no Desporto, no Entretenimento, e apesar de todas as críticas, não fez isso à custa do endividamento, ao contrário do que muitas vezes por aí dizem.
Dizer que a dívida de uma câmara é maior do que outra "n" vezes e daí sugerir que a primeira é mal gerida, é o mesmo que dizer que a Alemanha está em ruptura financeira por ter uma dívida muito superior à de Portugal.
O município de Gaia tem a despesa a baixar, as receitas a aumentar, peso dos juros na despesa total a diminuírem, no fundo o que costuma acontecer quando a dívida contraída tem como finalidade o investimento reprodutivo.
Adicionalmente se verificarmos a divida per capita do município de Gaia é bem mais baixa que a do Porto e de Lisboa.
Fácil é por isso de verificar, que a ideia de que se Luís Filipe Menezes for Presidente da CM Porto será a falência desta na certa, peca por erro propositado ou mal informado.
Podemos duvidar se ele depois de chegar à CM Porto não entrará num modelo despesista descontrolado, mas para isso devemos nós e os cidadãos em geral, actuar cívica e politicamente para condicionar e limitar quaisquer liberdades de gestão, que se nos afigurem prejudiciais à cidade.
Tenho por tudo isto, pelo que fez no passado, pelo que acredito que possa fazer no futuro, sobretudo comparado com quaisquer dos outros candidatos conhecidos até ao momento, que Luís Filipe Menezes é o melhor candidato para a CM Porto.
Se depois será o melhor Presidente de Câmara, isso cabe-lhe a ele decidir se o quer ser, e a nós garantir que ele queira! ;-)
PS: Alguns dados para reflexão que o José Miguel Marques (membro do PortusCale) connosco partilhou.
Entre 2006 e 2011, a taxa média anual de crescimento da receita corrente no Porto (município paradigma da boa gestão) não chegou a 2%. Em Gaia foi superior a 11%! E entre 2004 e 2006 tinha mesmo sido superior a 16%!
Ora, se o investimento tivesse sido feito em rotundas, seguramente não geraria este aumento da receita corrente (não era reprodutivo).
Já agora: no ano de 2011, mais de 40% da receita corrente da CMP era gasta em Despesas com Pessoal. Gaia usava para este efeito apenas 29% da receita corrente.
Naturalmente quem tem uma estrutura "mais gorda" fica com menor flexibilidade para realizar outro tipo de despesa, nomeadamente a de investimento.
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