Fala-se muito de descentralização mas, na verdade, esta supostamente já
existe. Já existe porque todas as decisões têm sido desenvolvidas de um modo,
descentralizado. Já existe porque já existem as designadas CCDR – Comissões de
Coordenação da Região, supostamente concebidas para a melhor gestão de cada
região. Já existe porque alguns dos ministérios apresentam secções regionais,
como, por exemplo, o ministério do ensino. Já existe porque o Portugal Insular
funciona num ritmo completamente díspar do Portugal Continental.
Então porque falar de descentralização? E as principais razões que levam a
defender esta tese é o fato de a descentralização atual ser desenvolvida de um
modo fictício. Isto é, as instituições existem, os organismos existem, as decisões
são tomadas, mas, declaradamente, de uma forma desconhecida e muitas vezes inexistente
para a maioria do cidadão local.
E é neste sentido que defendo a descentralização do governo. Não com
objetivo de criar qualquer organismo intermédio entre governo central e local
que servisse de alimento a um conjunto de seres “esfomeados”, mas sim dando um
maior proveito e rendimento àquilo que atualmente já existe.
E é nestes moldes que devemos levantar o “véu”. E de uma vez por todas que o
papel dos designados de organismos regionais seja conhecido, que a eleição dos seus
membros seja efetuada pela própria região, que as decisões sejam dadas a
conhecer à população local e que as pessoas se possam exprimir, de uma vez por
todas, sobre aquilo que pretendem para a sua região.
E o levantar o “véu” permitiria, em primeiro, uma maior aproximação entre
população local e governação. Diminuiria, neste sentido, qualquer conspiração
ou algo semelhante pois os principais agentes estariam monitorados de um modo permanente.
Também permitiria uma lógica de competitividade inter-regional. E a competitividade
leva, consequentemente, ao desenvolvimento.
Mas, para tal, não é necessária a criação de mais organismos. Bastará
tornar aquilo que, atualmente, é fictício em algo real. Algo que é acessível a
toda a população da região. E que todas as decisões sejam, por sua vez, também
conhecidas. Vamos então dar um nome à descentralização.
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